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Essa eleição de 2018 é uma verdadeira festa a lá Balzac

Na “segunda festa” de Balzac as verdadeiras máscaras caem, os instintos são expostos, riscos são tomados.

Por Thiago de Aragão
Atualizado em 10 Maio 2018, 15h28 - Publicado em 10 Maio 2018, 13h20

O grande escritor francês Honoré de Balzac dizia que toda festa se constitui, na realidade, duas: a primeira, bem no começo, é apenas um desfile de pessoas, pouca conversa, pouca abertura e aparências, cuidadosamente demonstradas. Os convidados se mostram mais preocupados em não chocar tanto, mas, ao mesmo tempo, em tentar mostrar suas principais qualidades. Para muitos, essas são as festas mais chatas, as que mais geram relutância quando se debate em casa com esposa (ou marido) se irão ou não.

A segunda festa, segundo Balzac, é aquela que se inicia nas horas mais tardes, após o fim da primeira, quando os menos íntimos se despendem com desculpas suaves, relacionadas à manhã seguinte, e os mais próximos, por experiência, percebem que toda a paciência do período chato será recompensada a partir deste momento.

Na “segunda festa” de Balzac as verdadeiras máscaras caem, os instintos são expostos, riscos são tomados. Geralmente, são nessas festas que as grandes histórias murmuradas no dia seguinte são fabricadas e aqueles puritanos, que saíram antes, só saberão por rumores de terceiros.

Se Balzac estivesse de visita ao Brasil em ano eleitoral, ele estaria comentando como agora, no mês de maio, estamos ainda nas 21:30 da noite, em plena primeira festa. Candidatos mornos, e os que carregam a fama de agitadores e destruidores da noite se mostram ainda mais controlados do que o habitual.

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Os chatos, permanecem ainda mais chatos, rejeitando as tentativas de provocações que surgem entre uma oferta ou outra de vinho ou cerveja. Aquele candidato explosivo, controverso, estrela de festas passadas, aparentemente não pode comparecer. “Ficou preso no trânsito”, dizem alguns. Outros tentam disfarçar e contam a mentira de forma diferente: “ficou preso no trabalho, mas não se preocupem, quando a festa pegar fogo ele estará aqui”. Ninguém mais acredita.

Nessa altura do evento, ainda sem gosto, os parzinhos ainda não estão formados. Balzac estaria ameaçando ir embora se não tivesse experiências em festas. Um velho convidado, famoso por cometer gafes históricas em situações passadas, fica de olho em quem pode ser o melhor par da noite. Outro, que chegou chutando a porta da festa, está no canto, ainda esperando alguém que o queira.

A essa altura, a conversa se baseia nas expectativas de como as coisas estarão por volta das 2 da manhã. “Você acha que fulano, que está preso no trabalho, irá mesmo vir?”, pergunta um. “Não acredito, acho que dessa vez ele ficou preso mesmo”, é a resposta de outro.

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Em outro cantinho da sala, outra conversinha mole acontece.

– Aquele cara ali no canto, aponta uma.

– Qual? Responde a outra.

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– Aquele com a mulher bonita.

– Ah, o que que tem ele?

– Será que ele fica até o fim da festa?

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– Está com uma cara de cansado”.

A festa segue ainda longe do que promete ser mais adiante. Entre um tapa no pescoço de um, uma frase inconveniente sobre mulheres, de outro, as atenções se voltam para um candidato inesperado:

– Aquele ali não apareceu pra acabar com a festa uma vez?

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– Apareceu, faz uns 10 anos. Teve gente que até acabou em cana.

– E o que será que ele quer agora? Não sabem responder.

Sem mais nem menos, e após falar com pouquíssimas pessoas, esse convidado vira e sai. “Essa festa não é pra mim”, teria dito.

Finalmente, as atenções se voltam para aquela garota tímida, que fala pouco e mostra pouco interesse em tudo e todos. Balzac olharia para ela e pensaria: “mas que moça indefesa. Não aguentará chegar até as duas da manhã”. Mal sabe ele que ela muda quando a festa pega fogo. Vira a sensação do evento por um tempo, mas, apesar de surpreender, não aguenta até o fim, quase como o escritor francês havia previsto.

Excepcionalmente esse ano, a parte chata será longa e a parte animada será bem mais curta. Quem bancava as festas de antigamente não participa mais e os gastos exorbitantes que embriagavam participantes e observadores serão, ao menos momentaneamente, muito diminuídos, algo que diminui muito a possibilidade de tais pessoas se embriagarem e, algo que, apesar de permitir haver mais condições de tais participantes se maquiarem, no momento mais quente da festa ele acabam mostrando suas verdadeiras caras, para os bons leitores do comportamento político.

Thiago de Aragão é sócio e Diretor da Arko Advice, Pesquisador Associado do think tank britanico Foreign Policy Centre e do think tank francês IRIS (Institut de Relations Internationales et Strategiques) 

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