Se racismo é crime como diz a lei, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, não pode ignorar o que se passou ontem a poucos metros de distância do seu gabinete. E em seguida na sua própria presença.
A poucos metros, num dos corredores do prédio, o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), líder da bancada da bala, deparou-se com uma placa onde a obra de um chargista mostrava um homem negro, algemado e morto no chão diante de um policial com um revolver.
Ninguém precisou contar depois o que o deputado fez. Por ordem dele, um assessor filmou-o quebrando a placa, furioso. O vídeo foi postado nas redes sociais do deputado. Mais tarde, em discurso na tribuna da Câmara, o Coronel Tadeu justificou o seu ato.
Disse que quebrar a placa não passara de “um ato democrático”. Porque a exposição da charge que celebrava o mês da consciência negra era “um atentado à democracia”. Por fim, advertiu Maia: “Se puserem outra semelhante, quebrarei de novo. Estou avisando”.
No plenário da Câmara, acusado de racista por deputados da oposição, o Coronel Tadeu recebeu a solidariedade de um dos seus companheiros de partido, Daniel Silveira (RJ), famoso por ter quebrado uma placa de rua com o nome de Marielle Franco.
Maia presidia a sessão quando Silveira declarou: “Há mais negros com arma, mais negros cometendo crime, mais negros confrontando a polícia, mais negros morrem. Não se atribua à polícia mortes porque um negrozinho bandidinho tem que ser perdoado”.
Não basta que Maia tenha desautorizado o que fez o Coronel Tadeu e o que disse Silveira. Se o que um fez e o outro disse configuram manifestações racistas, como tal elas devem ser tratadas. Que os dois respondam por isso no Conselho de Ética e na Justiça comum.