Uma das marcas das eleições no segundo turno é o tempo curto de campanha. Outra, que o candidato que sai na frente nas pesquisas de intenção de voto quase sempre vence. São raras as exceções.
Um caso: em 1994, o jornalista Hélio Costa disputou o governo de Minas Gerais e só não se elegeu no primeiro turno porque lhe faltaram 1,2% de votos. Acabou derrotado no segundo.
Outro caso: em 2.000, prefeito do Recife, Roberto Magalhães foi candidato à reeleição. Não venceu no primeiro turno à falta de 0,5% dos votos. Perdeu no segundo por uma diferença de 0,4%.
Salvo um imprevisto de grande dimensão, a eleição para prefeito do Rio está liquidada em favor de Eduardo Paes (DEM). Na nova pesquisa Datafolha, ele bate Marcelo Crivella por 71% a 29%.
Apenas no segmento dos evangélicos é que Crivella derrota Paes por 45% a 34%. Há 4 anos, Crivella elegeu-se fugindo do rótulo de bispo da Universal. Agora, agarra-se ao rótulo. Não tem salvação.
Crivella desembarcou em Brasília para pedir ao presidente Jair Bolsonaro que gravasse mais um vídeo recomendando o voto nele, e que o acompanhasse em uma caminhada no Rio.
Bolsonaro topou gravar o vídeo, mas caminhar ao lado de Crivella, não. Era só o que lhe faltava. O Rio é o berço político de Bolsonaro e ali, este ano, ele foi amplamente derrotado.
São Paulo e Recife são as duas eleições indefinidas, embora a diferença entre o primeiro e segundo colocados não seja desprezível. É de 16 pontos em São Paulo, e de 10 no Recife.
Bruno Covas (PSDB) lidera em todas as regiões de São Paulo. Entre os mais pobres, supera Guilherme Boulos (PSOL) por 60% a 40%. Entre os menos instruídos, por 68% a 32%.
Vence por 53% a 47% entre os que têm curso superior. E entre os evangélicos por 62% a 38%. Boulos derrota Covas por 59% a 41% entre os mais jovens. Só aí lidera.
Porém… A história das eleições em dois turnos ensina também que um candidato que aparece nas pesquisas com menos de 60% dos votos válidos ainda corre perigo. Qualquer descuido pode ser fatal.
Se Covas tem 16 pontos percentuais de vantagem, quer dizer que se perder 8 a eleição fica empatada, porque numa eleição com dois candidatos os votos só costumam migrar de um para o outro.
Entre os que dizem que votarão em Covas, 18% admitem mudar de ideia. Em Boulos, 17%. Entre os eleitores que pretendem votar em branco ou nulo, 21% poderão optar por um dos dois candidatos.
Marília Arraes (PT) chegou atrás de João Campos (PSB) no primeiro turno da eleição no Recife – ele com 29,13% do total de votos válidos, ela com 27,90%. O vento mudou de direção.
Parte dos votos dados ao que ficaram em terceiro e quarto lugares já correu para Marília. Cerca de 70% dos votos dos recifenses no primeiro turno expressaram o desejo de mudança.
E a mudança, no segundo turno, é Marília. Sua derrota significaria a continuidade de um período de 14 anos de dominação política do Estado pelo PSB de Campos, e antes do seu pai Eduardo.
Durante debate, ontem, em uma emissora de rádio do Recife, Campos perguntou a Marília quem mandará na prefeitura no caso de sua vitória – se ela ou se o PT.
Marília respondeu que ela mandará, e sugeriu que Renata, mãe de Campos, é quem mandaria se ele vencesse. Foi o momento mais tenso do debate. Campos engoliu em seco.