Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Texto antigo, tragédia atual (por Gustavo Krause)

Cidades parecem um campo de batalha

Por Gustavo Krause
Atualizado em 23 nov 2020, 10h23 - Publicado em 22 nov 2020, 16h40

“Paira sobre o final dos milênios uma crença mítica no final dos tempos. É como se o calendário não medisse uma variável contínua e, de repente, caísse a última folhinha do milênio e, com ela, a humanidade inteira.

Desta vez, seria tragada por labaredas sem os sobreviventes da Arca do dilúvio. Talvez um castigo imposto ao Homem que expiaria pelos pecados de um mundo hedonista onde cada minuto deve ser vivido com a intensidade do último dia de vida.

Na verdade, não é preciso buscar em certezas escatológicas ou na ficção cientifica as razões do fim dos tempos. Basta olhar em volta de nós mesmos. A rua. O bairro. A cidade. O pequeno universo das nossas menores circunstâncias.

A propósito, a cidade que deveria ser lugar-abrigo, base física da solidariedade e da convivência transformou-se numa passarela de autômatos que cotidianamente se cruzam. Numa percepção mais real, as cidades parecem um campo de batalha: a luta canibal pela sobrevivência associada à noção neurótica do progresso opulento, opulência que conduz o ser humano a palmilhar os caminhos da devastação. E aí, impera o crescimento, o deus oculto da nossa sociedade. ‘Este deus que se esconde – diz Roger Garaudy – é um deus cruel: exige sacrifícios humanos’. Para ele, o mandamento é que o sistema de produção seja crescente, mesmo que se faça da natureza um ‘bem de renda’.

Com este objetivo, pouco importa que tombem as árvores e com elas a beleza do verde. A fertilidade da sombra. A pureza do ar. Pouco importa que desapareçam os pássaros e não mais se escute seu lírico canto. Parece irrelevante que se soterrem os mangues, sepultados a riqueza e o equilíbrio ecológicos. Não importa, também, que em avenidas largas e para o conforto de poucos, o automóvel transpire o monóxido de carbono para todos. E assim se movam indústrias, afetando o ar, rios descoloridos e peixes agonizantes.

Continua após a publicidade

O ‘homem civilizado’ caminhou pela face da terra e deixou um deserto no seu rastro. Imaginou-se, dominador da natureza, abandonando o exemplo franciscano da fraternidade: irmão do sol, irmão da lua, irmão da chuva”.

Caro leitor, este texto é a introdução de artigo que escrevi em 06/6/1984 na revista “Ecologia como filosofia e ética”, publicada pela FIDEM, em homenagem ao notável professor e ecólogo Vasconcelos Sobrinho. A releitura se deu graças ao isolamento social. A ousadia de reproduzir decorre da atualidade da tragédia pandêmica e das ameaças globais.

Gustavo Krause foi ministro

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.