No princípio de setembro, escrevi aqui que Bolsonaro se enforcaria com a própria corda, bastava começar a campanha eleitoral. Uma chuva de pedras caiu sobre o telhado do blog. Os bolsonaristas mais resolutos — vítimas iniciais da trumpificação política do Brasil — usaram o Facebook para me chamar de defensor de corruptos.
Não entendi muito bem a associação, mas o fato é que a campanha nem começou e Bolsonaro já está gaguejando para responder perguntas básicas sobre o seu patrimônio. Pensei que ele se enroscaria no radicalismo do próprio discurso, não em aquisições suspeitas ou auxílios indevidos que admite estar recebendo como deputado.
Seja como for, o mito da honestidade total acaba de sofrer um golpe que será exaustivamente lembrado durante as eleições. No entanto, considerando que haja culpa no cartório, isso significa que estamos assistindo ao começo do fim de Bolsonaro? Significa que ele vai despencar nas pesquisas e retornar para o seu papel de figura folclórica do congresso?
Só se estivéssemos na Escandinávia!
Todo mundo sabe que o eleitor brasileiro não está nem um pouco preocupado com denúncias ou mesmo provas de corrupção. Se estivesse, não veríamos Lula liderando as pesquisas depois de ser condenado em primeira instância na Lava-Jato. “E daí se Bolsonaro é igual aos outros?”, li hoje nas redes sociais. “Voto nele mesmo assim!”
Parabéns pela coerência, senhores, mas depois não venham me acusar de defender os corruptos, combinado?