A confusão que Claudia Leitte terá com Justiça ao trocar orixá por Jesus
Cantora de axé causou polêmica ao alterar letra de música em show e foi acusada de racismo religioso

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito para investigar um possível ato de racismo religioso cometido por Claudia Leitte. A cantora causou polêmica ao alterar a letra de sua música Caranguejo, de 2004, durante um show em Salvador no último sábado, 14 de dezembro. Na nova versão, Claudia substituiu o trecho “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu rei Yeshua”, nome de Jesus em hebraico.
Após o momento viralizar nas redes sociais, o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e a mãe de santo Jaciara Ribeiro formalizaram uma denúncia contra a cantora. Para eles, a alteração na letra é uma forma de discriminação contra religiões de matriz africana. O caso está sendo apurado pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa.
A atitude de Claudia também foi criticada por Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo da capital baiana, que publicou em seu perfil no Instagram um texto sobre a influência das religiões de matriz africana na Axé Music — sem citar o nomes. “Axé é uma palavra de origem yorubá, que tem um significado e um valor insubstituível na cultura e nos cultos de matriz africana. Deste mesmo lugar, e com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada Axé Music. Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos”, escreveu.
“O papel da cultura negra no axé music, o protagonismo dos cantores brancos, com os negros na composição e na ‘cozinha’, são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar”, disparou Tourinho. “Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é o surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo”, completou o secretário.
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