A crise melancólica da cena de música eletrônica em Londres
Falta de dinheiro, legislação mais rigorosa, mudanças culturais e a pandemia de Covid-19 prejudicaram o setor no Reino Unido

Sinônimo de diversão nos últimos 50 anos, as casas noturnas e baladas de música eletrônica de Londres, palco de revoluções culturais que chacoalharam o mundo nos anos 1990 e 2000, estão em declínio vertiginoso, segundo uma reportagem publicada pelo jornal The Guardian.
A tempestade perfeita para o fim da festa envolve fatores culturais, econômicos, legislativos. Segundo a reportagem, em 2013, o Reino Unido tinha 1 700 casas noturnas. Em junho de 2024, havia menos da metade, apenas 787. A pandemia, que paralisou o setor por meses, acelerou o declínio.
Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal, se o declínio continuar nesse ritmo, em 2030 não haverá mais casas noturnas devotadas ao tecno, dance music e afins no país. O aviso, claro, não pode ser levado ao pé da letra: ele serve mais como um alerta sobre a redução drástica dos espaços para se ouvir música eletrônica e dançar no Reino Unido.
De acordo com Sacha Lord, conselheiro de economia noturna do prefeito da Grande Manchester, Andy Burnham, os lugares que realmente estão sofrendo são aqueles com capacidade para mais de 1 500 pessoas que não conseguiram se adaptar às mudanças dos novos tempos. Antes esses lugares atraíam a juventude britânica, mas hoje frequentar esses espaços começou a ficar muito caro para os jovens, especialmente os estudantes.
A solução apontada pelos proprietários seria brindar as casas noturnas com incentivos fiscais, para ajudar a compensar os custos mais altos de pessoal, com aumento de salário mínimo e das contribuições para a seguridade nacional.
Outro problema enfrentado pelas casas noturnas são as reclamações dos vizinhos, que se incomodam com o barulho e a agitação, e os empreendimentos imobiliários recém-lançados nas redondezas das casas noturnas, que têm causado altas severas nos preços de aluguéis.