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O Som e a Fúria

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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A surpreendente participação brasileira em novo álbum de Beyoncé

Cantora lançou 'Cowboy Carter' nessa sexta-feira, e usou sample de música nacional que fez sucesso nos bailes

Por Amanda Capuano Atualizado em 9 Maio 2024, 10h56 - Publicado em 29 mar 2024, 13h38

O novo álbum de Beyoncé, Cowboy Carter, segundo ato da trilogia iniciada por ela em Renaissance, de 2022, chegou às plataformas de streaming nessa sexta-feira, 29, e é o assunto mais comentado nas redes sociais. Marcado pela valorização e retomada das raízes negras do country, e por diversas participações especiais, o disco tem também um toque brasileiro: na faixa Spaghettii, a americana usou um sample do funk Aquecimento das Danadas, criado pelo produtor e DJ O Mandrake quando era parte da produtora Furacão 2000.

Sucesso nos bailes funks há anos, a música ganhou uma nova versão lançada em 2021, com O Mandrake e Xaropinho DJ, e agora também faz parte do trabalho da americana. Em uma publicação nas redes sociais, O Mandrake se disse honrado com o uso do sample por Beyoncé, e agradeceu os fãs da cantora, intitulados “beyhive”. “Obrigado, beyhive brasileira, pelo apoio. Sem vocês nada disso seria possível. É o funk carioca rompendo fronteiras”, escreveu no Instagram.

Aos 45 anos de idade, o produtor participou de grandes sucessos do funk. Filho de Marlene Povão, uma locutora da escola de samba Estácio de Sá,  ele começou a se interessar ainda jovem pela discotecagem e entrou para a produtora Furacão 2000 no final da década de 1980. Sem a tecnologia de hoje, colecionava vinis para tocar na noite e construiu uma bagagem que fez dele um produtor cobiçado pelos MCs. Além de Aquecimento das Danadas, participou de faixas de sucesso de Valesca, MC Leozinho, com quem também já saiu em turnê, entre outros.

Cowboy Carter

Em Cowboy Carter, segundo ato da trilogia iniciada por Beyoncé no disco Renaissance, de 2022, a cantora resgata as origens negras da música country e traz à tona velhas feridas raciais da cultura norte-americana. Dominante em regiões historicamente preconceituosas dos Estados Unidos, o gênero é símbolo da dita white culture, que defende a “brancura” como bandeira identitária a ser louvada. Em 2016, quando Beyoncé lançou a música Daddy Lessons, seu primeiro flerte com o ritmo, o Grammy barrou a inscrição da faixa na categoria country. A resistência da indústria fonográfica se repetiu em 2024. Uma rádio no meio-oeste americano se recusou a tocar Texas Hold’em, primeiro single do novo álbum da cantora. “Somos uma rádio country”, explicou a estação de forma ríspida.

O álbum conta com diversas parcerias de peso Miley Cyrus participa da canção II Most Wanted, enquanto Post Malone aparece na faixa seguinte, Levii’s Jeans. Os músicos Shaboozey, Tanner Adell e Willie Jones também colaboram com algumas faixas. Além deles, estrelas do country como Dolly Parton, Willie Nelson e a pioneira Linda Martell, primeira mulher negra a alcançar sucesso comercial com o gênero, aparecem no álbum em interlúdios.

Duas regravações completam o repertório do disco, que conta com impressionantes 26 faixas. Beyoncé incluiu no projeto sua própria versão de Jolene, clássico country lançado por Dolly Parton em 1974, e de Blackbird, dos Beatles. Escrita por Paul McCartney na década de 1960, a canção foi inspirada no movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.  

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