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O Som e a Fúria

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Como Miley Cyrus transformou conceito criado pelos Beatles em ‘egotrip’

Com Something Beautiful, ela vira o novo exemplo de artistas que desafinam feio quando tentam traduzir seus discos para a linguagem do cinema

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 ago 2025, 08h00

A febre musical assola Londres e uma massa feroz persegue quatro rapazes ao som de A Hard Day’s Night (1964), também nome do terceiro álbum dos Beatles — e do filme que o acompanha. No longa indicado a dois Oscars, o grupo interpreta uma versão exagerada de si entre números musicais, estabelecendo o preceito dos “álbuns visuais”: os filmes que buscam traduzir discos em imagens. Em 2025, aquela invenção clássica continua em voga, mas já não parece a mesma: são os chamados visualizers, como a cantora pop Miley Cyrus exemplifica no média-metragem Something Beautiful, já disponível no Disney+ após curta temporada nos cinemas. Entoando suas treze faixas mais recentes, ela passa por trocas de figurino exuberantes e desfila ao lado da supermodelo Naomi Campbell — mas jamais conta uma história ou faz uso de imagens que se voltem para além do próprio ego. O filme dispensa o arrojo narrativo e a cenografia elaborada, reduz a proposta à vaidade e faz o espectador se perguntar se ainda existe pertinência no passeio das estrelas da música pelo cinema.

Depois da primeira incursão dos Beatles, o terreno do filme de banda — uma empreitada diferente dos documentários musicais ou das gravações de shows — ganhou força junto ao rock, que agregava arcos narrativos a álbuns. Em 1975, o The Who contou a história de um prodígio operário do pinball em Tommy, ópera-­filme com Elton John e Tina Turner nas mãos do megalomaníaco Ken Russell. Sete anos depois, Roger Waters transformou o clássico The Wall em filme abstrato de imagens antiguerra. Então, nomes como Talking Heads, Kate Bush e até as Spice Girls teceram seus próprios lançamentos de cinema — mas ninguém dominou a seara como Prince, que reinou nas bilheterias e paradas simultaneamente com Purple Rain (1984).

Os projetos ambiciosos perderam espaço no século XXI, mas voltaram a ser tendência quando Beyoncé lançou Lemonade (2016), cujas canções e imagens narram um adultério em paralelo às tensões raciais americanas. Para além dela, porém, o formato se tornou um deserto de ideias e já não seduz o público. Talvez menos por culpa do formato em si do que pela safra pouco instigante. Dos exemplos negativos recentes, o mais desastroso é This Is Me…Now (2024), no qual Jennifer Lopez celebra o reencontro do amor rodeada por efeitos ruins e especulações sobre astrologia. Miley Cyrus agora se junta aos vexames. Não emplacou nenhum hit com o filme que vende como uma “busca pela beleza”. É hora de domar o ego e levar à tela mais verdade — e boa música.

Publicado em VEJA de 1º de agosto de 2025, edição nº 2955

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