Até 2023, o rapper milionário Sean Combs — mais conhecido como Diddy ou P. Diddy — vivia entre os mais famosos e poderosos da indústria musical. No segundo semestre daquele ano, despontaram as primeiras acusações públicas contra ele, movimentadas por diversas mulheres que alegavam abusos cometidos pelo músico. Dali para cá, uma extensa investigação de tráfico sexual se desdobrou, o cantor perdeu parcerias, se afastou dos cargos de liderança que ocupava e encerrou um processo de agressão sexual via acordo com a reclamante, a cantora Cassie Combs. A situação, porém, se intensificou no dia 16 de setembro, quando o artista foi preso, acusado de manter, ao longo de anos, um esquema de abuso e exploração sexual contra várias mulheres. Entenda o caso:
A nova acusação
O caso vai até 2008 e alega que Combs abusou suas vítimas “verbal, emocional, física e sexualmente”, tendo as “atingido, chutado e agredido com objetos diversos”, além de “arrastá-las pelo cabelo em certas ocasiões”, causando feridas que só eram curadas após dias ou semanas. Sob seu comando, as vítimas ainda teriam sido forçadas a participar de encontros com outros homens, profissionais do sexo. Batizados de “freak offs” (“batalha de pervertidos”) pelo cantor, os eventos são descritos pelo texto como “performances sexuais elaboradas e produzidas” que ele “arranjava, dirigia, se masturbava durante e, com frequência, filmava”. As tais “batalhas” podiam durar por dias e envolviam a participação de múltiplos garotos de programa. Combs também seria responsável por drogar as mulheres para mantê-las “obedientes”. Em uma busca na casa do réu, foram encontrados narcóticos, armas de fogo sem números seriais, munição e mais de 1.000 garrafas de óleo de bebê e lubrificante.
Além dos crimes supostamente ocorridos na casa de Combs, ele também seria líder de uma organização criminosa abrangente, culpada de tráfico sexual, trabalho forçado, coerção e transporte relativo à prostituição, delitos narcóticos, sequestro, incêndio criminoso, propina e obstrução da Justiça. Cientes ou não, todos os seus funcionários seriam parte do crime organizado. Segundo o promotor do caso, Damian Williams, colaboradores do rapper teriam o protegido por meio da violência, com armas de fogo, ameaças, coerção e abuso emocional e físico.
O réu teria usado as ambições musicais de suas vítimas para manipulá-las e os vídeos das “batalhas” para impedi-las de fugir. Além da vida sexual, ele teria controle sobre a moradia, aparência física, registros médicos e localização em tempo real das mulheres.
Até o momento, mais de 50 vítimas e testemunhas foram procuradas pela investigação e o procurador não descarta a chance de mais prisões. No dia seguinte à detenção, Combs se declarou inocente e agora aguarda julgamento, ainda sob custódia.
Quem é Sean “Diddy” Combs
Rapper, produtor e executivo da indústria fonográfica, Combs ascendeu na primeira metade dos anos 1990 após fundar a gravadora Bad Boy Records, que lançou artistas como The Notorious B.I.G. e Carl Thomas. Se lançou como rapper em 1996 sob a alcunha “Puff Daddy” com o hit Can’t Nobody Hold Me Down e se manteve produtivo desde então. Fora da música, seguiu investindo em empreendimentos na moda, gastronomia, bebidas e televisão, com os quais construiu patrimônio multimilionário.
Conectado, o rapper era também notório pelas festas estreladas. Em 2019, a Vanity Fair cobriu seu aniversário de 50 anos e listou convidados como Beyoncé, Jay-Z, Kanye West, Kim Kardashian, Leonardo DiCaprio, Pharrell, Cardi B e Ted Sarandos. Em formato de áudio, o convite enviado era dublado pela supermodelo Naomi Campbell, que prometia: “Não existe festa como uma festa do Diddy”. As ligações de calibre do músico estimulam conspirações diversas nas redes sociais, mas nenhum colega famoso de Combs foi citado no caso até o momento.
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