Milton Nascimento divulgou nesta sexta-feira, 21, a canção Um Vento Passou (Para Paul Simon), gravada em português pelo músico americano e com baixo tocado por Esperanza Spalding. A faixa estará no álbum Milton + Esperanza, com previsão de lançamento para 9 de agosto.
Em seu Instagram, Augusto Nascimento, filho de Milton, revelou os bastidores da gravação. O empresário disse que a ideia surgiu durante a pandemia quando Milton compôs uma música para Simon, seu amigo de longa data. Dois anos depois, em Nova York, Milton estava em um hotel com Spike Lee, quando chegaram flores em nome de Paul Simon. Minutos depois, o músico subia ao quarto para conversar com Milton.
Foi preciso esperar mais um ano, até que o disco com Esperanza estivesse programado, para Simon aceitar gravar a música que tem letra de Marcio Borges.
Paul Simon, autor de clássicos como The Sound of Silence e Mrs. Robinson, é um velho conhecido dos brasileiros. O artista foi, por exemplo, o primeiro a gravar com o Olodum, em 1990, a música The Obvious Child. No ano seguinte, Simon se apresentaria com o Olodum para 750.000 pessoas no Central Park, em Nova York, abrindo caminho para, anos depois, Michael Jackson também repetir o gesto. Simon já gravou com Milton Nascimento outras vezes, como na faixa O Vendedor de Sonhos, em parceria com Herbie Hancock também.
Esperanza também é muito próxima dos brasileiros e ligada nas causas ambientais do país. Em 2011, ela se apresentou com Milton Nascimento no palco Sunset, do Rock in Rio. No ano passado, ela se apresentou no festival The Town, em São Paulo, e fez um apelo contra o Marco Temporal das terras indígenas. “Não sei medir, mas sinto que a música brasileira é como a floresta amazônica. A Amazônia é o pulmão e os rins do planeta. Portanto, não importa onde você esteja, somos afetados pelo que acontece na Amazônia”, disse em entrevista a VEJA.
Confira o depoimento de Augusto Nascimento sobre o encontro:
“Quando estávamos absolutamente trancados em casa por conta da pandemia, me dei conta do quão próximos meu pai e um dos meus artistas preferidos tinham sido.
Liguei pro @lincolncheib , que conseguiu um antigo e-mail pessoal do Paul Simon, no qual ele e paizinho costumavam se falar, pelo início dos anos 2000.
Enviamos um e-mail, e ele retornou no dia seguinte, com uma resposta super afetuosa.
Sugeri, então, que meu pai compusesse uma música, pra que Simon fizesse a letra.
Dois dias depois, a música tava pronta, e enviamos. Ele nunca respondeu, e nunca soubemos se ele tinha chegado a ver.
Dois anos depois, em NY, enviei novamente um e-mail para tentar viabilizar um encontro dos dois, mas também não tive confirmação se ele iria.
Estávamos com o Spike Lee no quarto, e chegaram flores em nome de Paul. Presumi que ele não iria, mas estava enviando seu carinho.
Desci até o carro com Spike, e, quando subi, tocou o telefone do quarto: Era Paul Simon chegando!
Subimos juntos no elevador, falando sobre o cenário político do Brasil.
No quarto, o vi dedilhar “The Sound Of Silence” no violão, e contar histórias incríveis.
No meio disso, perguntei da tal música, e, sim, ele havia recebido, e explicou que, em decorrência de uma perda auditiva, a música vinha sendo algo difícil.
No ano seguinte, quando comecei a programar o projeto com Esperanza, mandei essa melodia, e ela quis chamar uma letrista conhecida dela. Firmei o pé, e disse que só @marcioborgesclube poderia fazer uma letra pra uma nova composição do meu pai.
E ele fez. E Paul Simon topou gravar. E é isso ❤️
Sonhos não envelhecem.”
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