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O Som e a Fúria

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Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal

O elogio de Dave Mustaine, do Megadeth, a Mariah Carey e Céline Dion

Líder de uma das mais importantes bandas de heavy-metal, o guitarrista e vocalista conversou com VEJA sobre o show que fará no Brasil em abril

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h37 - Publicado em 4 mar 2024, 15h05

Em 2019, cantor e guitarrista Dave Mustaine, de 62 anos, anunciou que havia sido diagnosticado com um câncer na garganta. Líder de uma das principais bandas de heavy-metal do mundo, o Megadeth, ele precisou cancelar todos os shows que faria naquele ano, inclusive o Rock in Rio para se tratar da doença. Três anos depois, a banda foi mais uma vez anunciada no festival e, mais uma vez, cancelou o show. Agora, em 18 de abril, o grupo finalmente virá ao Brasil para um show solo no Espaço Unimed, em São Paulo. Desta vez, sem cancelamentos à vista.

Para a decepção dos fãs brasileiros, no entanto, o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro, que fez parte do Megadeth durante dez anos, deixou o grupo antes dessa apresentação no país. Mesmo assim, em entrevista a VEJA, Mustaine disse que mantêm uma grande amizade com o músico. A saída da banda ocorreu de forma amigável porque Loureiro queria se dedicar mais a família. No bate-papo, Mustaine falou ainda sobre o novo álbum e pela paixão por artes marciais, inclusive o jiu-jitsu brasileiro, que pratica há alguns anos. Leia a seguir os principais trechos:

Em 2019 o senhor cancelou o show no Rock in Rio para tratar de um câncer na garganta. Em 2022, mais uma vez, o show no Rock in Rio foi cancelado. Finalmente, o Megadeth virá ao Brasil neste ano, embora não para o festival carioca. Como é a sua relação com o público brasileiro? Todos esses cancelamentos foram muito decepcionantes. Temos uma história de mais de 30 anos com o Rock in Rio e amamos o público brasileiro. Consideramos o Brasil muito importante, especialmente pela parceria com o guitarrista Kiko Loureiro. Eu também pratico jiu-jitsu brasileiro. Sentimos que o Brasil é parte da nossa família.

O show que vocês farão em abril, em São Paulo, é baseado no novo álbum The Sick, The Dying, The Death, composto no período pós-pandemia. Como avalia o resultado final do disco? É um dos nossos melhores álbuns já lançados. Cabe, obviamente, ao fã dizer se é o melhor, ou não. Mas, na minha opinião, é um dos melhores. Todos os álbuns que lançamos são reflexos de onde estávamos no mundo naquele momento.

Como lidou com a saída do brasileiro Kiko Loureiro, após dez anos de banda? Avalio o trabalho dele como perfeito para o que estávamos fazendo na época. Fico muito grato pelo envolvimento dele no grupo. Ele nos disse que estávamos fazendo muitas turnês e que isso estava começando a afetar sua vida pessoal. Conforme fomos marcando mais shows, foi ficando cada vez mais difícil para Kiko conciliar o trabalho com a vida familiar. Conversei com ele, disse amar ele e que se ele quisesse sair, seria com amor. “Faça o que você precisa fazer. Vá ficar com sua família. Sempre amarei você e sempre seremos amigos”, disse para ele. Sei que os brasileiros vão ficar tristes por ele não estar lá, mas seguiremos em frente e deixaremos que a ferida se cure.

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Como está a sua voz e a sua saúde após o tratamento contra o câncer na garganta? Minha voz vai e vem, dependendo do quanto eu fale durante o dia. Protejo minha voz. Me aqueço antes de fazer os shows e tento tratá-la como um instrumento. Me preocupo e não exagerar na alimentação e na bebida. Se eu quiser ter uma noite tranquila no palco, não posso comer aquelas coisas gostosas que todo mundo come. Posso até comer e fazer um show razoável, mas não será bom. É assim com Mariah Carey e Céline Dion, por exemplo, que têm alcances vocais incríveis. Elas cuidam do instrumento delas, que é a voz. Sobre a minha saúde, nunca sabemos como o corpo humano reagirá. As coisas podem voltar. Por enquanto, estou muito bem.

O senhor pratica jiu-jitsu brasileiro, mas também é faixa preta em caratê e taekwondo. O que te levou a praticar o jiu-jitsu? Quero ser faixa preta em jiu-jitsu também. Com o jiu-jitsu estou aprendendo técnicas de imobilizações no chão. É uma jornada muito difícil porque não há socos e chutes. Se resume a apertar, agarrar, imobilizar. Então, a técnica tem que ser perfeita. Eis a beleza dessa arte marcial.

O que levou o senhor a se interessar por artes marciais, em geral? Quando eu era pequeno, eu levei uma surra. Prometi a mim mesmo que isso jamais aconteceria. Aos 12 anos comecei a praticar artes marciais. Nesses anos todos de treinamento, já levei chute, soco, tive cabelo puxado e aprendi a me defender de ataques com qualquer tipo de armas, desde garrafas quebradas, até facas e armas de fogo. Aprendi, por exemplo, como a lidar com um agressor armado.

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Como são seus treinamentos de jiu-jitsu enquanto está em turnê? Meu instrutor é faixa preta quarto grau do Gracie jiu-jitsu. Ele é mais alto do que eu, o que me fez aprender a lutar com alguém maior. Isso é bom porque antigamente eu olhava os caras mais altos e fortes e pensava: “E agora, o que eu faço?”. Com o jiu-jitsu, agora eu já sei. Mas eu ainda uso a máxima de que se eu puder evitar uma briga e ir embora, é melhor. A melhor regra da luta é: não lute. Mas se for preciso, você sabe, estou preparado.

Por falar em não lutar, o senhor é conhecido por dizer o que pensa sem receio e dar declarações polêmicas. Já se arrependeu de alguma declaração Nunca digo nada polêmico. São as outras pessoas que acham controverso o que eu falo. Enquanto houver a Primeira Emenda nos Estados Unidos, eu tenho a liberdade de me expressar e dizer o que eu quiser. Eu não digo que uma pessoa é uma grande merda a menos que ela realmente mereça. Isso só aconteceu na minha vida uma ou duas vezes, a ponto de eu ficar tão escandalosamente chateado com alguém para falar algo assim. Geralmente, sou um cara gentil. Normalmente, eu me arrependo e penso que não deveria ter feito coisas desse tipo.

Serviço: 

Data: 18 de abril de 2024 (quinta-Feira)
Local: Espaço Unimed. Rua Tagipuru, 795
Início do show: 21h30
Ingressos: de R$ 220 a R$ 850
Vendas: https://www.ticket360.com.br/evento/27888/ingressos-para-megadeth

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