Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

O Som e a Fúria

Por Redação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal

O filme sobre o crítico de rock mais desbundado e extravagante do Brasil

Jornalista será tema de documentário que estreará no Festival do Rio

Por Sergio Ruiz Luz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 out 2025, 14h51

Ezequiel Neves (1935-2010) inventava entrevistas, elogiava efusivamente artistas produzidos por ele (uma clara desafinada ética) e se vangloriava de viver quase integralmente com os dois pés na jaca. É uma trajetória da pesada, impossível de ser levada a sério dentro do jornalismo. Mesmo assim, o dono desse currículo acabou sendo consagrado como o mais influente crítico de rock da história do Brasil. Era celebrado pelos artistas e leitores por sua verve ácida e bem-humorada. Agitador cultural, apadrinhou bandas como o Made in Brazil e Barão Vermelho. No caso do Barão, foi o principal responsável pelo lançamento do grupo, tornou-se amigo íntimo de Cazuza e co-autor de sucessos como Por que a gente é assim?. Sua trajetória será lembrada no documentário Ninguém pode provar nada — A inacreditável história de Ezequiel Neves (Giros Filmes e Ton Ton Filme), que será lançado na 27a edição do Festival do Rio, em sessões agendadas para os próximos dias 5, 6 e 7. A direção é do cineasta Rodrigo Pinto.

Nascido em Belo Horizonte, Ezequiel se envolveu com o circuito teatral mineiro antes de migrar para o jornalismo. Na imprensa, começou a trabalhar em São Paulo e resolveu mudar para o Rio de Janeiro depois de aceitar trabalhar nos anos 70 na edição nacional da revista Rolling Stone. Ali, passou a assinar a coluna musical Toque. Craque no bom humor, fazia notas chamando Alice Cooper, então no auge da fama, de “a Dercy Gonçalves do rock”. Ele passou a vida falando sobre detalhes de sua experiência no Festival de Woodstock — nem nunca ter estado lá. O documentário a respeito de sua carreira singular lembra também uma entrevista de Ezequiel com Keith Richards totalmente inventada pelo jornalista, que era fã incondicional dos Rolling Stones, a ponto de assinar matérias como Zeca Jagger.

O crítico reservava doses de mau humor apenas para o chamado rock progressivo, gênero que costumava detonar dizendo que carregava a síndrome de “penteadeira de bicha”. Segundo ele, os excessos instrumentais dessa turma eram comparáveis aos badulaques exagerados colocados sobre o toucador dos gays (ele mesmo era um gay assumido). Sobre a música clássica, fonte de inspiração dos roqueiros progressivos, desabafou certa vez: “prefiro uma guitarra mal tocada a um naipe de violinos afinadíssimos”.

Para o crítico, bom mesmo era o rock básico, como dos Stones. Por isso, encantou-se com a pauleira do Made in Brazil, grupo paulistano nascido sob forte influência do som de Jagger, Richards e cia.. Ezequiel produziu o álbum clássico da banda, Jack o Estripador, lançado em 1976. Mas o grande sucesso comercial dele enquanto produtor ocorreu mesmo com o Barão Vermelho, que descobriu quando trabalhava na gravadora Som Livre.

Com uma fita-demo do Barão nas mãos, teve que insistir muito para .que o chefe da Som Livre, João Araújo, apostasse na banda. O executivo relutou em assinar o contrato, pois temia que o negócio ficasse marcado pelo nepotismo: afinal, o cantor do grupo era Cazuza, seu filho. João acabou cedendo e Ezequiel iniciou a produção do primeiro disco do Barão. Ao mesmo tempo, escrevia “reportagens” com elogios rasgados aos seus pupilos na revista Somtrês. Para Ezequiel, o rock da banda era ‘demencial”.

Continua após a publicidade

Nas sessões de gravação, passava a maior parte do tempo dormindo ou dançando na cabine de som, sem se importar muito com os detalhes técnicos. Na divulgação, incansável, presenteava jornalistas com os discos e os convidava para shows. Mesmo mal gravado, o álbum lançado em 1982 recebeu elogios da crítica. Na VEJA, Okky de Souza saudou os estreantes como “os mais rebeldes e irrequietos descendentes de Rita Lee”.

Ezequiel seguiu ao lado de Cazuza quando ele decidiu partir para a carreira-solo, assinando parcerias como Exagerado, mas sem nunca abandonar os amigos do Barão. Na luta do cantor contra o vírus HIV, acompanhou-o de perto nas diferentes fases de tratamento, incluindo em uma ida para Boston, nos Estados Unidos. Ezequiel morreu em decorrência de um câncer no cérebro no dia 7 de julho de 2010, mesma data em que se completavam duas décadas da morte de Cazuza.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 28% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 10,00)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 39,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.