Para os usuários das redes X (antigo Twitter) e Instagram, o verde lima pode ter passado, sem muita explicações, pela timeline nos últimos dias. Presente em fotos compartilhadas por amigos e marcas, o tom chamativo não é facilmente ignorado, nem faz muito sentido para o uso cotidiano ou cômico — mas é justificado por uma palavra de quatro letras que costuma o acompanhar: brat, do inglês, melhor traduzida como “pirralha”. O meme, afinal, vem do álbum da britânica Charli XCX agendado para chegar às plataformas de streaming na sexta-feira, 7 de junho.
No X, mais de 74.000 postagens referentes à palavra foram compartilhadas nos últimos dias, escala que pode causar estranhamento pelo nome atrelado a ela. Mais familiar ao público geral pelos hits radiofônicos Boom Clap e Fancy, a cantora de 31 anos passou a última década construindo uma carreira à margem do mainstream, ao lado de produtores experimentais e figuras descoladas da cena alternativa. Se tornou um sucesso de nicho, garota propaganda da vertente eletrônica “pc music” entre 2017 e 2020 e, agora, mestre da comunicação online e face das pistas de dança europeias, frequentemente atrás de cabines de DJ. Com o apoio de um público consolidado, a enfant terrible decidiu intitular seu álbum de Brat e, claro, fazer pirraça com letras combativas e batidas agressivas.
Nenhuma de suas provocações, porém, foi mais contundente que a capa do disco: um quadrado verde simples sobre o qual o título é escrito em caixa baixa na fonte Arial, a mais simples de todas, acessível em qualquer programa de escrita. Na ocasião, parte do público acreditou que o anúncio era uma piada, outros se revoltaram com a simplicidade e alguns aplaudiram a ousadia. Charli se explicou em um tuíte, dizendo que “a demanda constante por acesso aos corpos e rostos de mulheres em capas de álbuns é misógina e entediante”.
Seja qual for a razão, o resultado foi uma imagem de reprodução inesgotável. Assim, qualquer manifestação da cor verde pode ser associada ao disco e qualquer um pode recriar o design, trocando o título pela palavra que quiser. A cantora Clarice Falcão, por exemplo, usou o modelo para questionar aos seguidores: “O que é brat?”. A palavra curta, por sua vez, resultou em múltiplos trocadilhos, como “Memórias Póstumas de Brat Cubas”. Com um quê de dadaísmo, o humor é provocado justamente pela carência de sentido claro, similar ao que é comumente chamado de shitpost, imagens sem contexto ou lógica.
— Clarice Falcão 🎵 Ouça o disco TRUQUE 🎵 (@euclarice) June 4, 2024
Não tardou, logo, para que marcas entrassem na brincadeira. Segundo o portal Info XCX, pelo menos 30 empresas utilizaram o formato para se promover, lista que inclui Netflix, Globo, Uber, Riachuelo, Burger King, Magazine Luiza e Vivo.
Conseguimos 30 marcas apoiando o BRAT esta semana, estou muito feliz e realizada. Conseguimos angels! É O BRATIL DO BRATIL! pic.twitter.com/F6kWZqksRr
— Info Charli XCX (@infocharlixcx) June 5, 2024
Com 15 faixas, Brat chega às plataformas de streaming à meia-noite de 7 de junho. Ainda no mesmo mês, a cantora pousa no Brasil para discotecar na boate ZIG Studio, em São Paulo, no dia 22.
Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:
Tela Plana para novidades da TV e do streaming
O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial