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O Som e a Fúria

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‘Sempre estive cercada de música’, diz a cantora Flor, filha de Seu Jorge

A artista, que mora desde os 10 anos em Los Angeles, conta como o ambiente familiar colaborou para que ela se tornasse compositora

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 nov 2024, 11h10

Aos 21 anos, a cantora Flor, filha de Seu Jorge, lança seu primeiro EP, Prima, com sete canções autorais. Influenciada pelo pai, mas também por canções pop americanas (ela mora nos Estados Unidos desde os 10 anos, quando a família se mudou para Los Angeles), Flor canta ora em inglês, ora em português. “Penso no que estou sentindo e quais as palavras seriam as certas para estar ali, seja em inglês ou português”, diz. As inspirações vêm também de uma mistura eclética que vai da bossa nova ao jazz, do pop ao funk, da MPB ao R&B.

O álbum, no entanto, não é a primeira incursão de Flor na música. Sua primeira canção foi escrita aos 6 anos. Aos 18, gravou com Marisa Monte a música Pra Melhorar, escrita por ela quando tinha 12 anos. Em entrevista a VEJA, Flor contou sobre o processo criativo, sobre como foi imigrar para os Estados Unidos e a sua relação com o Brasil e como lida com as críticas das pessoas que dizem que ela é nepo baby.

De que maneira seu pai te influenciou a ser cantora? Tem influências de muitas pessoas. Tem do meu pai, da minha, dos meus amigos. Eu sempre estive cercada de música a vida inteira. Nem sei se foi uma decisão ou uma força da natureza que me levou para a música. Eu sempre cantei para mim mesma, sempre escrevi letras desde os 7 anos. Meu pai me influenciou muito, afinal, como a pessoa mais próxima de mim não iria influenciar o que eu faço? Amo ver meu pai no palco. Ele é maravilhoso. Minha primeira paixão por música surgiu ao vê-lo no palco. Além de ele me mostrar muitas referências.

Você mora nos Estados Unidos desde os 10 anos, quando seu pai se mudou para a Califórnia. Suas músicas misturam letras em português e inglês. Ao compor, você pensa em um público específico? Componho para o mundo. A música Poolside está indo muito bem em Tóquio. A primeira música que misturei ambas as línguas foi Chega No Céu. Foi natural. Quando escuto a base da música, eu penso no que estou sentindo e quais as palavras seriam as certas para estar ali, seja em inglês ou português. Sou grata aos meus pais por ter se mudado para cá e viver outra cultura. A música aqui em Los Angeles é tão viva quanto São Paulo ou Rio.

Seu pai é uma celebridade internacional após participar de filmes do Wes Anderson e também de Cidade de Deus. Como é a sua relação com a fama? Sentiu uma pressão ao lançar esse álbum? Todo mundo o conhece, mas é menor do que no Brasil. A pressão veio de outros lugares, principalmente quando eu tinha 15, 16 anos e ainda não lançara nada. Mas já não sinto tanta pressão assim. Hoje eu me manifesto do jeito que quero me manifestar.

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De onde vêm suas inspirações ao compor? Vem da vida. E eu falo isso de um jeito muito literal. Não é ó de relacionamentos. Eu me inspiro na comida que provei, no tempo lá fora, em filmes, arte, política. Acho que tudo na vida me dá inspiração para escrever. Cada música tem seu próprio tema, seu próprio pensamento e seu próprio ritmo. Funciono assim. Fui criada em uma casa que ama jazz, hip-hop, rock, The Smiths. Gosto de bandas como Ezra Collective, Yussef Dayes e Elijah Fox.

Quando você tinha 18 anos, você gravou com Marisa Monte, no novo disco dela, Portas. Como foi esse processo? Não acreditei quando a Marisa Monte me chamou para gravar com ela. Não foi presencial porque foi durante a pandemia. Eu gravava e por Zoom ela dizia: “faz assim”, “tenta se soltar um pouco”, etc. Me senti muito confortável, especialmente de uma letra de música, Pra Melhorar, que escrevi com ela e com meu pai quando eu tinha 12 anos.

Como foi crescer nos Estados Unidos sendo filha de brasileiros? Eu não sentia vontade de voltar para o Brasil, sempre vivo o presente. Se estou aqui, eu estou aqui agora. Vou descobrir o que quero depois. Continuo tentando encontrar uma tribo de pessoas da minha idade. Conheço poucos brasileiros que moram aqui, a maioria são pessoas mais velhas, seria bom para eu me sentir um pouquinho mais perto de casa. Visito muito o Brasil, inclusive estarei aí em breve.

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Como lida com as críticas quando as pessoas dizem que você é nepo baby? Sou o que sou. Quando me lancei na música, eu queria ser a primeira a dizer quem sou: “Estou aqui, estou fazendo meu. Sim, sou [nepo baby]”. Ponto, acabou, tirei da minha frente. Sabe? Esse meu disco fiz com a minha galera aqui, estou fazendo o meu.

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