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Wolf Alice, banda de rock inglesa, a VEJA: ‘Maturidade é um elogio’

Um dos nomes mais talentosos do rock alternativo atual, banda lançou recentemente o disco 'The Clearing', cheio de referências setentistas

Por Bárbara Bigas 29 set 2025, 08h00

A banda Wolf Alice, é, possivelmente, um dos nomes mais competentes do rock alternativo britânico. Cercada da genialidade que vem dos seus pares, como Blur e The Verve, a banda trabalha com a ironia de reproduzir uma sonoridade escapista do dream pop enquanto aborda, nas letras das canções, temas muitas vezes incômodos e pessimistas. Quando foi formada, a frontwoman Ellie Rowsell tinha apenas 18 anos. Hoje aos 33, suas percepções de mundo foram atualizadas e resultaram em The Clearing, último lançamento da banda e representante fiel da considerável passagem de tempo entre o início da vida adulta e seu auge. 

Sonoramente, o álbum escolhe se apoiar em referências musicais sem transitar radicalmente entre extremos – que anteriormente, eram desbravados pelo grupo em músicas de rock pesado como Yuk Foo, do álbum Visions of a Life (2017) e Play The Greatest Hits, do Blue Weekend (2021). Com o tempo, um dilema em particular assumiu protagonismo: se a ideia de maturidade, que os acompanhou — e definiu — por tanto tempo, ainda é apelativa. O disco nos dá algumas pistas, como no single The Sofa, que diz: “Espero que eu consiga aceitar essa coisa selvagem em mim / Espero que ninguém venha domesticá-la”, e também em Thorns, música de abertura do disco que fala sobre excessos e contradições da vida adulta. Em entrevista a VEJA, a vocalista Ellie Rowsell e o baixista Theo Ellis comentam sobre esses temas e outros que os mobilizaram em The Clearing. Confira:

The Clearing é inspirado em músicas dos anos 1970. Por que quiseram reproduzir essa sonoridade?

Theo Ellis: Inicialmente, não fomos completamente inspirados apenas pelos anos 1970. Acho que fomos inspirados por músicas que são apresentadas de uma forma simples, naquele formato clássico de banda. Queríamos muito que fosse possível ver a banda ao ouvir o álbum. No passado, colocávamos muitas músicas densas em nossas gravações, e sempre fomos guiados pelo processo. Sempre gostamos de jogar o máximo de coisas na parede e não nos limitar quando estamos no estúdio de forma alguma. Como somos uma banda há muito tempo, naturalmente queríamos fazer algo que nos desafiasse de uma maneira diferente. E para nós, acabou que isso estava tirando coisas, removendo camadas, e pegando componentes musicais que poderiam preencher o espaço. Nós estávamos ouvindo coisas que eram muito parecidas com melodia vocal e harmonia, e gravitamos em torno de sons orgânicos de guitarra, baixo e bateria, e os anos 70 ou certos artistas daquela época exemplificam isso muito bem. Nos inspiramos em tocar essencialmente a versão mais pura de uma banda, ou uma versão pura do que eu acho que o Wolf Alice é no momento. 

Qual é o simbolismo por trás da ideia de uma clareira, que nomeia o álbum?

Ellie Rowsell: Acho que o nome e o conceito devem evocar uma sensação de paz e aceitação, e acho que a música e muitos dos temas das letras do álbum também tentam alcançar isso até certo ponto. Não o tempo todo, mas mais do que nunca. E também há temas de imagens da natureza e até mesmo o tema da performance e do lar. Qualquer coisa que não necessariamente tenha algo a ver com uma clareira, como uma sensação típica de floresta ou algo assim. Ainda assim, quando estávamos conversando com Rachel [Fleminger Hudson], que fez todo o trabalho de arte, ela dizia que o palco estava, de certa forma, se abrindo para um momento longe da vida real ou onde você está totalmente presente, onde você pode se tornar outra coisa ou sentir algo diferente da sua vida real.

A discografia do Wolf Alice sempre foi associada à maturidade, e analisando as letras do novo álbum, muitas delas falam de suas percepções pessoais e individuais. Vocês  acham que há uma tendência a se voltar mais para si mesmo com o passar do tempo e, consequentemente, a escrever letras sobre temas mais introvertidos?

Theo Ellis: Suponho que na maioria dos pontos de partida, acho que você se esforçou para não se colocar em algo como pontapé inicial. Não é necessário, porque, seja cantando na perspectiva de primeira pessoa, terceira pessoa ou qualquer outra coisa, você geralmente se baseia em alguma maneira de vivenciar o mundo. Podem até ser coisas que estão acontecendo no mundo, mas, até certo ponto, você sempre se reflete nisso. Então, acho que sim, algumas das músicas podem ser mais pessoais do que outras, mas também há a beleza da liberdade criativa. Acho que muitas das maneiras de descobrir como você se sente sobre as coisas podem ser escrevendo sobre elas, seja uma música, um poema, uma pintura, um quadro. É quase como uma maneira de descobrir como você se sente e se isso entra  no disco ou não. Parte do apelo de escrever de forma tão pessoal é que, geralmente, as pessoas conseguem se colocar nessa experiência, se ela não for tão singular para você, mas se for um tema como os que temos no disco, como família, identidade, amor, amizade ou qualquer uma dessas coisas que são bastante universais.

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Ellie Rowsell: Sim, isso é interessante. Eu penso que às vezes, o que você acha que será sua experiência mais pessoal, única ou específica é o que mais vai te conectar. Acho que, no final das contas, a maioria dos grandes e interessantes temas da vida são os mesmos. Então, você não pode ficar pensando duas vezes no que vai conectar as pessoas. É melhor fazer algo que pareça honesto e autêntico para você. Mas eu sempre digo isso porque acho desafiador e interessante escrever coisas que não são necessariamente verdadeiras.

Vocês acham que essa definição de maturidade é um rótulo que lhes agrada?

Theo Ellis: Quando se fala de maturidade, tem essa coisa estranha, uma conversa meio negativa, porque você fica tipo: “O quê? Estou velho agora?”. Mas, na verdade, no nosso contexto, muita gente tem esse tipo de ingenuidade, as pessoas gostavam do que fazíamos e havia uma coisa bastante emocional, mas eu sempre senti um pouco que talvez nos faltasse algo. A maturidade agora parece muito apropriada, porque foi o que eu acho que todos nós fizemos individualmente, nos esforçamos muito para nos aprimorarmos a fim de fazer o disco que a gente queria, o que exigiu bastante esforço individual. Então, maturidade é, na verdade, um elogio para mim no momento. Mesmo que ela possa soar um pouco assustadora. 

Ellie Rowsell: Além disso, se você consegue atingir a maturidade e depois descartá-la, é algo que me empolga também. Tipo, se você consegue fazer as duas coisas, é muito divertido. Gosto de ser madura às vezes, mas também gosto muito de me apegar à minha imaturidade em alguns aspectos, porque acho que você deveria ser as duas coisas. Eu odiaria ser sempre madura e odiaria ser sempre imatura.

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Nos álbuns anteriores de Wolf Alice, em algum momento, a atmosfera muda e é interrompida por músicas de rock pesado como Yuk Foo e Play The Greatest Hits, o que não acontece em The Clearing. Isso foi intencional?

Ellie Rowsell: Sim, definitivamente foi intencional. Foi um desafio para nós mesmos fazer isso porque não tínhamos nos esforçado muito nisso antes. Eu amo Blue Weekend e Visions of a Life por causa desse aspecto de uma música soar totalmente diferente da outra, mas eu estava ouvindo muitos álbuns de música que realmente funcionam ao vivo, álbuns que eu podia ouvir do começo ao fim casualmente. Esse é o tipo de álbum que eu acho que estava ouvindo na época, tipo, enquanto eu estava cozinhando, tomando sol ou algo assim. Era disso que eu gostava e não queria que, se eu estivesse relaxando, tocasse Play The Greatest Hits e eu saísse do meu transe e tivesse que pular a música. Eu definitivamente gostava de álbuns onde tudo simplesmente fluía e nada me tirava desse meu “sonho”.

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