O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou nesta terça-feira, 25, o ex-governador Beto Richa (PSDB) e mais 12 pessoas por corrupção e fraude à licitação do programa Patrulha Rural, que tinha como objetivo a manutenção de estradas rurais municipais no Paraná.
A denúncia oferecida nesta terça estima que as empresas envolvidas no esquema tenham recebido 101 milhões de reais do governo e que pelo menos 8 milhões de reais tenham sido repassados em propina a Richa e seus aliados.
“O denunciado Carlos Alberto Richa, então governador do Estado do Paraná, e principal destinatário final das vantagens indevidas prometidas pelos empresários, plenamente ciente das tratativas e reuniões realizadas, notadamente através do seu – então – amigo Antonio Celso Garcia [delator do esquema], convalidou todo o arranjo criminoso, inclusive o aceite de promessa indevida”, diz a denúncia.
O MP também denunciou quatro integrantes da gestão do tucano: José Richa Filho, irmão do ex-governador e secretário de Infraestrutura e Logística à época; Deonílson Roldo, ex-chefe de gabinete do governador; Edson Casagrande, então secretário de Assuntos Estratégicos; e Ezequias Moreira, na época diretor da empresa paranaense de Saneamento, a Sanepar.
O MP informou também que fará novas diligências para as denúncias relativas aos crimes de organização criminosa, obstrução de justiça, lavagem de dinheiro, peculato e outros crimes licitatórios. Por esse motivo, segundo a denúncia, não serão denunciadas a esposa do governador, Fernanda Richa, e o contador da família, Dirceu Pupo.
Assim com os 13 denunciados, Fernanda e Dirceu foram presos no último dia 11 de setembro pela Operação Rádio Patrulha. Com base na delação do empresário Antônio Celso Garcia (Tony Garcia), a investigação do MP apontou um esquema montado no primeiro mandato de Richa que beneficiou um grupo de empreiteiras na licitação do programa Patrulha do Campo, destinado à manutenção de estradas rurais. Garcia repassou ao MP áudios e vídeos de reuniões que mostram o esquema sendo construído e colocado em prática. Em uma das gravações, o governador manda o então amigo cobrar uma propina atrasada. “Vai pra cima”, diz Richa. Em outra, o empreiteiro Celso Frare aparece contando maços de dinheiro que seriam entregues na sequência ao irmão do governador, José Richa Filho.
O MP utilizou também o depoimento do ex-diretor geral do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) Nelson Leal Junior, que cumpre pena em liberdade depois de colaborar com a Justiça em outra investigação, relativa a irregularidades com concessionárias de pedágio.
Outro lado
Em nota, a defesa de Beto Richa afirma que tanto a denúncia quanto a prisão foram baseadas “única e exclusivamente em termos do depoimento de colaborador premiado já conhecido do Poder Judiciário Paranaense, sem qualquer base em provas de suas falaciosas alegações”. A nota também afirma que a família Richa acredita que a Justiça “restabelecerá a verdade e a honra”. A defesa de Ezequias Moreira disse que ele apresentará sua defesa nos autos, comprovando sua plena inocência.
A reportagem tenta contatos com a defesa dos demais acusados.