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Comparar Juliana Paes a Zé Mayer e Victor é canalhice

"Qualquer pessoa com mais de dois neurônios vê que essa é uma declaração normal, nada agressiva, que apenas expressa um ponto de vista"

Por Adriana Wirtti Schumacher
Atualizado em 30 jul 2020, 20h58 - Publicado em 5 abr 2017, 23h08

Este é o nível de canalhice ao qual algumas pessoas chegam: já tem gente equiparando os casos do cantor Victor Chaves e do ator José Mayer, que envolvem denúncias de agressões e abusos perpetrados contra mulheres, à declaração dada pela atriz Juliana Paes a VEJA nos últimos dias.

Basicamente, ela disse que existe uma linha do feminismo com a qual ela não concorda, destacando que mulheres são tão competentes quanto homens mas que, ainda assim, continuam sendo diferentes deles em muitos outros aspectos.

Qualquer pessoa com mais de dois neurônios vê que essa é uma declaração normal, nada agressiva, que apenas expressa o ponto de vista de uma pessoa com relação a determinado assunto. Não houve ofensa, não houve desprezo, não houve ridicularização. Ainda que não se concorde com o que foi dito, nada justifica que se diga que a declaração, de algum modo, desmerece as mulheres ou a luta por igualdade.

O cantor Victor, indiciado pela Polícia Civil nesta segunda (4), ao que tudo indica teria empurrado Poliana, sua esposa (digo isso pois não vi as imagens das câmeras que, em tese, corroboram o relato da mulher, segundo a delegada responsável pelo caso). O ator José Mayer, por sua vez, assumiu ter assediado uma figurinista com cantadas e a asquerosa “passada de mão”. As denúncias são repugnantes, de causar revolta e indignar em qualquer pessoa sensata. São situações em que mulheres relataram ter sua auto-propriedade — seu corpo — e sua integridade física violadas, em que sofreram um abuso. Tendo dito isso, pergunto sinceramente:

EM QUAL UNIVERSO A DECLARAÇÃO DE JULIANA PAES PODE SER EQUIPARADA A CASOS EM QUE HOUVE RELATOS DE AGRESSÃO E ABUSO CONTRA MULHERES? Francamente, que canalhice!

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Beira o ridículo colocar uma mulher, que também já deve ter sofrido com assédio, cujo “crime” foi falar sobre o que considera excesso dentro do movimento feminista, no mesmo patamar de um HOMEM que VIOLENTOU E ABUSOU de outra mulher de forma covarde. Bem típico da geração “palavras machucam”: mera discordância de opinião é tão grave quanto passar a mão em outra sem consentimento.

Seria infinitamente mais fácil apenas aprender a aceitar opiniões contrárias do que criminalizar e distorcer propositalmente o que os outros falam para dar base às suas próprias ideias. Cada um tem o direito de falar o que pensa e, sinto informar, nem todo mundo que discorda de você é machista por isso.

Concordo em gênero, número e grau com Juliana Paes. Falou exatamente o que penso. Querem me chamar de machista, fiquem à vontade. Não ligo. E destaco a bela declaração da atriz: “Não quero queimar sutiãs. Gosto de sutiãs! Não quero quebrar saltos de sapato em busca de liberdade. Gosto de me enfeitar, e nós, mulheres, não fazemos isso para o macho. Fazemos porque dá prazer cuidar de si e cuidar do outro. Sou uma feminista de saia, sutiã, salto alto e batom vermelho.”

*Texto originalmente publicado no Facebook de Adriana Wirtti Schumacher, advogada 

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