Amigos papais/mamães. Eu estou longe de ser um desses pais palestrantes que brotam todos os dias por aqui. Mas quero trocar uma ideia com vocês sobre o álbum da Copa. Parece banal, mas representa como estamos criando nossos filhos.
Estou vendo muito pai e mãe assumindo a responsabilidade de comprar, organizar, trocar e completar o álbum da garotada. Bicho, vejo isso com uma tristeza imensa. O Davi, meu filho de 7 anos, está colecionando aqui. O álbum dele está todo rasgado, dobrado, com figurinha colada torta, faltam umas 50 a 100 figurinhas para completar. Ele não tem mais dinheiro no cofrinho e já se embananou todo nas primeiras trocas (trocou por figurinhas que já tinha, por exemplo), embora eu tenha passado todas as dicas de como executar essas atividades.
“Poxa, Felipe… Mas você está deixando seu próprio filho na mão… Ele vai ficar triste, decepcionado se não completar o álbum…”
Claro que vou… É no micro que a gente se prepara para o macro. A vida tá cheia de decepções, de erros que cometemos, de insucessos… Numa pequena atividade como essa, vocês estão tirando de seus próprios filhos a chance de entenderem que, para ter êxito em algo, há uma série de etapas que precisam ser cumpridas, pensadas, planejadas, perseveradas.
Ao colecionar as figurinhas, seus filhos podem aprender de maneira lúdica a importância da organização, do zelo, da economia, de como lidarem com um mercado específico, de como interagirem com outras pessoas, etc. E o pior: ao entregar um álbum completo e impecável que VOCÊS montaram, os senhores estão banalizando a conquista, a vitória, o êxito que deveria ser dos seus filhos.
Parem para pensar um pouco sobre isso. Estamos criando uma geração que não consegue enxergar o valor das coisas justamente porque nós as entregamos de mão beijada para eles desde o nascimento. Inclusive, não enxergam o valor do seu esforço como pai e mãe para satisfazê-los. Sei que não é por mal… Mas está fazendo mal…
É isso!
Felipe Caczan tem 36 anos e é cantor na banda Overman.