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O ambicioso plano da Volvo para cobrar pela energia de seus carregadores

Clientes da marca vão continuar carregando seus carros de graça nos 52 eletropostos da empresa, mas consumidores de outras montadoras pagarão R$ 4 por kwh

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jul 2024, 12h32 - Publicado em 3 jul 2024, 12h16
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  • A Volvo anunciou nesta quarta-feira, 3, a decisão de cobrar pela energia de seus carregadores de carros elétricos. A medida terá início na próxima semana, no dia 10 de julho, e valerá tanto para carregadores rápidos quanto para os chamados carregadores de conveniência, localizados em estacionamentos, shoppings centers, mercados e outros locais. Haverá uma taxa de conectividade fixa de R$ 2,50, e cada kwh custará R$ 4,00. O plano prevê ainda a cobrança de uma taxa de ociosidade, com tolerância de 15 minutos após a conclusão do carregamento, para incentivar os motoristas a ceder o lugar nos disputados carregadores. A cada minuto excedente, serão cobrados R$ 5. De acordo com os executivos, é uma forma de educar os usuários. Clientes Volvo não serão cobrados pelo carregamento (com exceção da taxa de ociosidade). Ou seja, só consumidores de outras empresas terão que pagar.

    A decisão é uma forma de privilegiar os clientes da própria marca. Dados apontam que apenas 24% dos usuários dos carregadores da Volvo têm, de fato, um carro da montadora sueca. A maioria (47%) é de clientes da BYD, seguidos por GWM (13%) e outras marcas (12%). Há ainda pequenas porcentagens de clientes da BWM (2%) e Chery (2%). “Esperamos despertar a necessidade em outras montadoras de colocar mais carregadores nas ruas”, afirma Guilherme Galhardo, Head de Eletrificação da Volvo Car Brasil. A gratuidade para clientes da marca será mantida por tempo indeterminado, e o valor arrecadado com as recargas será investido na construção de novos pontos de recarga.

    Hoje, a infraestrutura da marca conta com mais de mil carregadores de conveniência, espalhados pelo país, além de 52 eletropostos, que contemplam dois carregadores rápidos e um de conveniência. De acordo com dados divulgados pela empresa, eles cobrem 19 mil quilômetros, espalhados por 37 rotas (como Cabo Frio, no Rio de Janeiro, a Foz do Iguaçu, no Paraná, um trecho de dois mil quilômetros) em quatro regiões. Desde a instalação do primeiro carregador rápido, em 2022, foram mais de 40 mil recargas e mais de um milhão de kwh usados. Se contabilizados os carregadores de conveniência, são cerca de 500 recargas por dia.

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    O Volvo EX30, lançamento da marca, é um elétrico premium de entrada que tem atraído os consumidores – (Volvo/Divulgação)

    O alto valor cobrado, de acordo com os executivos, é justificado pelo valor agregado dos pontos de recarga da Volvo. “Vendemos uma experiência”, disse Marcelo Godoy, presidente da Volvo Car Brasil, no evento de lançamento da iniciativa. “Sentimos a necessidade de precificar o bom serviço que oferecemos. Nossos carregadores são bem localizados, em pontos com segurança, com um restaurante, um café”, afirma ele. Por isso, o preço é muito acima dos concorrentes. Para efeito de comparação, a Enel X, por exemplo, cobra R$ 2,30 pelo kwh. A Tupinambá cobra R$ 2,10.

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    Na prática, a estratégia deve desestimular consumidores de outras marcas a ocupar os carregadores da Volvo. E isso está relacionado ao crescimento da frota da montadora sueca no país. Foram 1148 carros da empresa emplacados no Brasil em junho, o maior valor até hoje (o recorde anterior era de 1066 emplacamentos). Parte desse sucesso está relacionado ao lançamento do EX30, elétrico de entrada que teve uma boa aceitação até agora. Foram 666 unidades do SUV, vendido a partir de R$ 229.950. Com o bom resultado, a Volvo tornou-se líder do segmento premium entre os eletrificados. Com a frota maior, havia demanda dos clientes por uma atitude em relação aos carregadores. “Estávamos angustiados em dar uma resposta a eles, mas decidimos fazer isso da forma correta”, afirma Godoy.

    Em setembro de 2023, a Volvo anunciou um investimento de R$ 70 milhões em infraestrutura de carregamento no Brasil. Foram previstos 101 eletropostos. Hoje, 52 estão em operação. De acordo com Galhardo, outros dois já estão em obras. Em outros lugares, ainda estão em busca de parceiros locais para fazer a instalação. “Em algumas cidades, a rede de energia não comportaria um carregador. Sabíamos que isso seria um problema, mas não imaginávamos que seria tão complicado”, diz ele. A meta é continuar expandindo a rede e contemplar, por exemplo, a região Norte, que hoje não tem nenhum carregador da empresa.

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