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“Vamos provar que o carro elétrico é emocionante”, diz CEO da Lamborghini

Em visita ao Brasil, Stephan Winkelman falou sobre o desempenho histórico da marca em 2023 e os desafios de um futuro eletrificado

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 12h28 - Publicado em 10 abr 2024, 18h17
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  • No ano passado, a Lamborghini conseguiu um feito histórico. Pela primeira vez desde sua fundação, em 1963, superou a marca de 10 mil veículos comercializados. Pode não parecer muito, especialmente em comparação com as marcas de veículos convencionais, usados no dia a dia, que põe essa quantidade no mercado a cada mês. Mas quando se trata de veículos de alto luxo, esportivos que custam milhões e têm um desempenho espantoso, é muita coisa. Nos primeiros 30 anos da companhia, a Lamborghini vendeu 8 mil unidades somadas. Agora, há fila de espera de até três anos.

    Em visita ao Brasil para inaugurar o novo showroom da empresa, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, e lançar oficialmente o Huracán Sterrato, versão offroad do superesportivo, o presidente da Lamborghini, Stephen Winkelmann, conversou com o blog sobre o desempenho histórico, o futuro eletrificado – e elétrico – da marca e a importância do mercado brasileiro.

    Confira a entrevista na íntegra:

    A Lamborghini teve um desempenho histórico em 2023. Qual o cenário que possibilitou esse bom momento?
    Há um conjunto de fatores. Após a Covid-19, o mundo mudou muito. E a faixa de consumidores que compram objetos de luxo é maior do que antes da pandemia. Essa é uma razão. Há mais gente para comprar, em comparação com 10, 20 anos atrás. A marca também cresceu muito em termos de imagem, e nossos carros têm a melhor qualidade em termos de design e performance. Por fim, sobre o produto, não estamos falando de uma promessa. Testamos nossos carros por gerações.

    Quão importante é o mercado brasileiro para a empresa?
    A economia brasileira é difícil de ler. As coisas mudam muito rápido e de forma constante. Mas assim como em outros mercados, temos uma situação estável aqui. Não queremos exagerar. No momento, vendemos menos do que a demanda. Colocamos menos produtos do que as pessoas pedem. Na minha opinião, há um certo tamanho, mas também temos brasileiros que compram nossos carros fora daqui. Há muitos na Flórida, nos Estados Unidos. É uma tendência que percebo em outros mercados. Alguns clientes passam mais tempo longe do país.

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    Além da eletrificação, quais são os caminhos possíveis para o futuro?
    Estamos em um bom momento agora, porque vamos trocar todo o nosso portfólio por versões eletrificadas, híbridas, até o fim do próximo ano. Então, não precisamos decidir agora. Isso é bom, porque os legisladores ainda precisam definir os caminhos a seguir em relação à eletrificação. Eu não acho que a médio prazo vai mudar, mas acredito que haverá algumas decepções no meio dessa transformação. Temos que ficar atentos. E também nos preparar, como marca, para provar que carros elétricos também podem ser emocionantes.

    Combustíveis sintéticos são uma alternativa viável?
    É uma boa ideia, mas que será muito difícil de viabilizar. Porque você precisa de uma quantidade que não é possível de alcançar.

    Há diferenças no perfil dos consumidores? Os mais jovens estão mais interessados em alternativas eletrificadas, e esse será o futuro? Ou motores a combustão terão sempre apelo para um nicho do mercado?
    Se eu soubesse te responder… (risos). Hoje, acho que há uma combinação de motor a combustão e bateria é ótima. Porque você consome menos combustível, mas mantém a performance. Hoje, esse é o argumento vencedor para o consumidor. No futuro, a certeza é que vamos continuar produzindo carros cada vez melhores. Você não compra uma Lamborghini porque precisa de uma, mas porque é um sonho. Não estamos vendendo mobilidade, mas carros que você terá para toda a vida. Dito isso, a nova geração está muito mais alerta ao que acontece no mundo.

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    Como se posicionar de forma eficiente para o futuro?
    Nosso nicho de mercado é pequeno. Vendemos poucos carros, a quilometragem é baixa, mas nossa visibilidade como marca é muito grande. Então, temos uma responsabilidade social de trabalhar em cada aspecto da sustentabilidade. Se olharmos 10 anos para o futuro, os jovens que têm 15, 17 anos hoje podem ser nossos próximos compradores. E isso é empolgante.

    O Urus é um sucesso da Lamborghini por traduzir o que se espera de um supercarro em uma versão SUV. Mas os puristas não foram muito receptivos em seu lançamento…
    Sempre fizemos isso. A história da Lamborghini começou com os carros GT. Depois, fizemos carros como o Spada, que tinha quatro lugares, mais do que um GT “normal”. Tivemos muitos carros que não tinham o formato esperado dos supercarros. Sempre digo que quando entramos em um segmento temos que ser o supercarro daquele segmento. O Urus é um enorme sucesso, e introduziu a marca para muitos compradores, que começaram com ele e depois compraram outro supercarro da Lamborghini. E ele nos permite avançar rapidamente. Investir em tecnologia é um compromisso enorme, e caro. Com o sucesso do Urus, podemos trabalhar com uma boa base, com uma boa massa crítica que nos permite reinvestir na marca.

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