O Brasil está muito bem representando no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Temos um exemplo de líder. Alguém que trabalha há 25 anos para dar condições para que uma parcela considerável da nossa população, justamente aquela que mais precisa, se desenvolva em toda a sua potencialidade. Estamos falando de um exército invisível aos olhos de muitos. Um formidável colosso de 17 milhões de brasileiros que consomem por ano R$ 180 bilhões e ajudam a fazer a roda econômica do país girar. São os empreendedores, os entregadores de aplicativo, as cozinheiras … São as brasileiras e brasileiros que durante a pandemia não deixaram o Brasil parar.
Celso Athayde fundou a Central Única das Favelas (Cufa), que hoje está presente em mais de 16 países. A Cufa trabalhou incansavelmente para que os efeitos do isolamento social durante a pandemia não afetassem ainda mais as favelas e periferias brasileiras. Essa é a razão de Celso Athayde, hoje CEO da Favela Holding, receber o prêmio de Empreendedor Social do Ano, da Fundação Schwab, que organiza o Fórum Econômico Mundial.
Davos parou para ouvir Celso Athayde. Em seu discurso de agradecimento, ele mostrou o que podemos aprender com a quebrada: “As favelas são territórios cheios de resiliência e alegria. Favela não é espaço de carência, mas de potência e confiança.” O empreendedorismo é a receita da favela para sobreviver.
Enquanto o ministro Paulo Guedes dizia, durante a pandemia, que o governo teve de “encontrar 30 milhões de invisíveis”, a Cufa estava cadastrando por biometria facial as mães das favelas brasileiras. Enquanto a inflação disparava e o poder de compra dos brasileiros despencava, era a Cufa que enchia as panelas da favela.
O ministro que reclamou da “farra” das empregadas domésticas que queriam viajar de avião, deveria aprender com o Favela Vai Voando, empreendimento social que levou milhares de favelados a conhecer o Brasil e o mundo.
Em um país de milhões de desempregados são iniciativas recentes como o ExpoFavela e o Favela Fundos, ambas com as digitais de Celso Athayde, que geram renda nas comunidades.
Não sei se o ministro Guedes, que também está em Davos como representante do governo, teve a oportunidade de acompanhar o que Celso falou por lá. Se não teve, deveria. É uma lição preciosa.