Como o hospital AC Camargo tenta melar fusão entre SulAmérica e Rede D’Or
VEJA Mercado: oito hospitais se dizem partes interessadas no processo que tramita no Cade

A fusão entre Rede D’or e SulAmérica deve enfrentar um duro caminho no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pelo menos no que depender de seus concorrentes. O hospital AC Camargo protocolou um documento em que se diz parte interessada no processo e que pede a rejeição da operação pelo tribunal. Dentre outros pontos, o hospital destaca que a SulAmérica é um de seus principais parceiros comerciais e diz que o novo grupo pode dar preferência a hospitais próprios e dificultar a aprovação de procedimentos no AC Camargo. “A SulAmérica pode aproveitar-se do amplo portfólio de hospitais da Rede D’Or para diminuir severamente a remuneração de hospitais concorrentes e, dessa forma, tornar impossível a permanência desses estabelecimentos em sua rede credenciada”, diz um dos trechos do documento.
O AC Camargo pediu que o Cade rejeite a operação. “Apenas no período de 2018 a 2021, o Grupo Rede D’Or teve 30 atos de concentração notificados ao Cade. 30 atos de concentração num curto período de quatro anos em qualquer métrica que se queira usar é assustador! […] Requeremos que seja reconhecida a proibição deste ato de concentração, nos termos do artigo 88, §50, da Lei n° 12.529/2011, rejeitando-se a operação”, conclui. Outros sete hospitais também protocolaram documentos no Cade como partes interessadas no processo.
Depois da publicação da nota, o AC Camargo enviou um posicionamento ao Radar Econômico, reproduzido a seguir: “O A.C.Camargo Cancer Center é uma fundação privada e sem fins lucrativos que acompanha constantemente a evolução do mercado de saúde. Há 70 anos se prontifica a devolver os investimentos da sociedade por meio de um serviço oncológico de excelência. A instituição se preocupa com movimentos que possam diminuir as ofertas de serviços no setor ou reduzir a liberdade de escolha dos pacientes. O A.C.Camargo Cancer Center entende as operações corporativas e estimula investimentos – sejam da iniciativa pública ou privada – a serviço da ampliação e melhoria dos atendimentos prestados à população e defende ser necessário estabelecer uma governança que preserve a livre escolha da sociedade em serviços de saúde”.
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