Déjà-vu? Integrantes do Fed temem demissão de Jerome Powell por Trump
Presidente americano já ameaçou tentar destituir líder do Fed e assessor confirmou estudos para manobra inconstitucional

“Powell deveria ter reduzido os juros, como fez o BCE (Banco Central Europeu), há muito tempo, mas certamente deveria fazê-lo agora. Sua demissão não pode acontecer rápido o suficiente!”. Foi assim que Donald Trump ameaçou demitir Jerome Powell da presidência do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, na última semana em uma rede social. Já na última sexta-feira, 18, um assessor da Casa Branca confirmou que o governo estuda o assunto — uma manobra inconstitucional, caso bem-sucedida. “O presidente e sua equipe continuarão a estudar o assunto”, disse Kevin Hassett a repórteres. Ameaças à autonomia do Banco Central não são novidades nos EUA e tampouco no Brasil, onde o presidente Lula chegou a defender mudanças na lei que garante a independência do BC.
Integrantes do Fed já temem a demissão de Powell e fazem apelos para a manutenção do chefe da instituição — e sobretudo da autonomia e independência formal e constitucional da autarquia. “Espero sinceramente que não entremos em um ambiente em que a independência monetária seja questionada, pois isso prejudicaria a credibilidade do Fed”, disse Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago, em entrevista à CBS. Ele disse ainda que os países em que bancos centrais não têm a liberdade de conduzir a política monetária sem interferências políticas possuem “uma taxa de inflação mais alta, um crescimento mais lento e um mercado de trabalho pior”.