A Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou uma inflação oficial de 0,89% em novembro, o maior valor para o mês desde 2015, último ano de Dilma Rousseff à frente do governo. É o segundo mês seguido que vem em patamar tão alto. Em outubro, marcou 0,86%. A meta oficial de 4% ao ano, agora, está perto de ser superada — o índice está em 3,13% no ano. E o estresse que o indicador está causando no mercado financeiro acontece, principalmente, devido ao índice ter sido por alimentos e transportes — ou seja, dólar e commodities. É claro que o Banco Central não possui qualquer influência sobre o preço das commodities, mas não dá para dizer isso sobre o câmbio. Muitos responsabilizam as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) de jogar a Selic para 2% ao ano como o que motivou a disparada e volatilidade do dólar, que chegou a 5,90 reais em maio deste ano.
Nesta terça-feira, 8, inicia-se a última reunião do Copom no ano. O consenso dos economistas é de que a Selic seja mantida em 2% no anúncio de quarta, 9, quando encerra-se o encontro. Contudo, todos estão olhando para as explicações e para as entrelinhas do comunicado do Copom. Como o comitê espera que o setor externo se comporte, a inflação, a governo diante de uma fiscal, entre outros fatores? É o chamado “guidance”. É esperado que a disparada recente — sim, é uma disparada, pois uma inflação de 0,89% por doze meses seguidos representa uma inflação anual de 11,2% — relembre os diretores do BC para o fato de que são eles os guardiões da moeda. Caso mantenha o discurso leniente do último comunicado, como se nada de errado estivesse acontecendo em relação ao câmbio e à inflação, ficará mais difícil manter sua credibilidade, que já há algum tempo, devido a decisões e declarações inesperadas, vem sendo questionada.
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