Ainda faltam três meses, até julho, para se ter um cenário mais claro sobre a viabilidade de um candidato que não seja Lula ou Bolsonaro para as eleições. Mas grandes empresários e banqueiros começam a se desanimar com a viabilidade de uma terceira via. Nem a declaração de João Doria de que eventualmente poderia ser vice de Simone Tebet animou. “Os partidos simplesmente não querem e não estão se articulando”, disse à coluna um grande empresário que acompanha a politica de perto nas últimas décadas e que era um dos poucos que já em março de 2018 previa que Bolsonaro ganharia as eleições. “E a disputa entre Lula e Bolsonaro vai ser muito apertada”.
A discussão entre o empresariado esquentou depois de algumas declarações pró-Lula nesta semana. O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse em entrevista ao site Poder 360 que ainda tem esperanças na terceira via, mas declarou seu voto em Lula se a eleição estiver apertada. O presidenciável João Doria mudou o tom do seu discurso e disse que respeita o Lula, mas não respeita Bolsonaro. Pessoas da campanha de Doria contam que traçar a linha da democracia já é um efeito da atuação do marqueteiro Lula Guimarães, que chegou agora à campanha.
Um importante banqueiro ouvido pela coluna diz que a terceira via praticamente se acabou e que vê o empresariado muito dividido. “Na minha visão a maioria ainda é bolsonarista, mas muitos têm vergonha de assumir”, disse ele. “Existe uma parcela do mercado financeiro ansiosa por uma narrativa que está simpática ao Lula. Mas não sei se isso dura”.
Na campanha de Doria, a esperança é que seu marqueteiro Lula faça milagres e consiga fazê-lo chegar aos 10 pontos até julho. “Doria foi um grande governador, mas cometeu o grande erro de cuidar ele mesmo da sua comunicação. É como o médico fazer sua própria cirurgia”, diz um importante publicitário. Já o empresariado que se diz contra Bolsonaro e está disposto a votar em Lula avalia que a mudança de marqueteiro no PT foi uma boa notícia e que Sidônio Palmeira pode mudar o rumo da campanha do ex-presidente. “Não dá para se falar em aborto num país conservador se quiser ganhar a eleição, né?”
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