Após a Polícia Federal deflagrar uma operação que atinge a empresa carioca PetraGold, suspeita de crimes financeiros e lavagem de dinheiro no mercado de capitais, um escritório de advocacia disparou emails oferecendo seus serviços para lesados do caso. O que não foi informado nas mensagens, contudo, é que um dos donos do escritório, Sergio Solle, é ex-diretor jurídico da PetraGold e tem histórico de proximidade com o presidente da empresa, Eduardo Wanderley. Segundo o próprio email disparado, o contato dos lesados foi adquirido por Solle através de um ex-funcionário da companhia, sem especificar qual. Os primeiros emails foram enviados em 7 de dezembro, dia seguinte ao início da operação da PF, e foi seguido de mais um email, enviado nesta semana. Advogado, Solle foi diretor-jurídico da PetraGold entre outubro de 2018 e março de 2020, além de acionista — então com 1% das ações e das cotas da holding que controla a empresa — segundo um pedido judicial assinado pelo procurador de Solle.
Em email enviado por Solle a Wanderley em agosto de 2020, poucos meses após seu desligamento da empresa, o advogado afirma que detinha 6 mil ações da companhia e que estaria disposto a vendê-las para Wanderley quando quisesse. No texto, também discorre sobre sua situação financeira e pede ajuda a Wanderley, o chamando de “irmão”. “Novamente empenho a você e a Simone (ex-esposa de Wanderley) minha lealdade, amizade e disponibilidade pra o que vocês vierem a precisar”, diz Solle ao final do email. O presidente da PetraGold, por sua vez, respondeu o pedido do advogado poucos dias depois e em tom tranquilizador. “Não vou negar ajuda a um irmão”, diz. No entanto, Wanderley diz mais de uma vez que a PetraGold estava controlando suas contas “na ponta do lápis” dadas as dificuldades financeiras da companhia.
Procurado pela coluna, Sergio Solles enviou o posicionamento que pode ser lido na íntegra a seguir.
Conheci o Eduardo numa Igreja Cristã, onde é comum o tratamento de Irmão, salvo isto, ambos somos Maçons, onde o tratamento também é de Irmão, logo não há nenhum estranhamento no tratamento acima referendado. Me desliguei da PetraGold em março de 2020, e ainda por questões impostas pela OAB tratei de alguns processos, ligados à PetraGold Fomentos Mercantil, até um determinado momento, quando parei de receber os honorários acordados para o trato destes processos. Meu escritório há muito faz um trabalho delicado de prospecção de clientes em outra linhas, como mutuários devedores e réus em execução judicial. Este trabalho se dá com consultas no Diário Oficial e jornais de grande circulação que publicam editais e movimentos processuais de intimação e citação de réus em ações de execução e monitoria. Onde através de sistemas de buscas localizamos e contatamos os clientes. No caso PetraGold, bem anterior a deflagração da operação da PF já tinha este trabalho onde temos em curso 6 ações contra a PetraGold, e, continuamos fazendo a prospecção de novos clientes, afinal, há 3 anos não tenho qualquer vínculo ou contato próximo com o grupo, nem seus sócios . Quanto as ações ofereci ao Eduardo pra recomprar, apesar, salvo engano, estar dentro do prazo da carência, e ele poderia pegá-las, revendê-las e me pagar, não é que eu daria graciosamente os papeis era no sentido de negociá-las mesmo que eu perdesse dinheiro, pois não gostaria de ficar 5 ou 6 meses se não me engano, com dinheiro aplicado lá, o que prontamente foi atendido por ele. Quanto a ajuda financeira, de fato, no mesmo ato da venda ou consignação das debentures de minha posse, solicitei um empréstimo a ele, pessoa física, que foi negado, apesar da resposta de que não negaria ajuda a um irmão. De resto fiz contato com Eduardo 1 ou 2 vezes pra tentar um acordo quanto aos processos que temos contra o grupo, negado por ele, e o vi pessoalmente em 2 ocasiões distintas, num aniversário de 1 amigo em comum, e noutra ocasião em que o mesmo estaria pegando as correspondências do grupo, no prédio onde funcionou, na Cinelandia e eu estava no bar que funciona embaixo do prédio.
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