A mineradora Vale se transformou numa espécie de “porto seguro” do mercado financeiro diante das incertezas provocadas pelas decisões do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. As indicações de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda e de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES — a última em especial — foram muito mal recebidas pelos gestores, assim como as mudanças na Lei das Estatais aprovadas pela Câmara dos Deputados. Desde o início de novembro, o Ibovespa derreteu cerca de 13%, o equivalente a 15 mil pontos. No mesmo período, as ações da Vale subiram pouco mais de 20%. Além do fator China, uma vez que as autoridades locais flexibilizaram as políticas anticovid e trouxeram a leitura de que a nova onda de coronavírus no país não será tão danosa à segunda maior economia do mundo, alguns analistas também avaliam que a Vale se tornou um papel defensivo em detrimento da volatilidade no mercado.
“No nível da China, há um claro pivô em andamento, com os formuladores de políticas buscando acelerar a reabertura e estabilizar o colapso imobiliário. Também vemos outros fatores – com a empresa amplamente isolada de um cenário macroeconômico brasileiro azedo. Este parece ser um bom lugar para estacionar o seu dinheiro”, escrevem os analistas do BTG Pactual em relatório enviado a clientes. “Acreditamos que o risco de ganhos está inclinado para cima, especialmente com os preços do minério de ferro já próximos de 110 dólares por tonelada”, concluem.
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