O que a última pesquisa XP/Ipespe revela sobre as chances de Bolsonaro
O desempenho no enfrentamento da pandemia será vértice importante nas eleições de 2022
Na última pesquisa do Ipespe, feita a pedido da XP, um resultado chamou a atenção de Antonio Lavareda, o cientista político que comanda o instituto: a consolidação do elevado percentual de pessoas que considera que o desempenho do presidente Jair Bolsonaro para enfrentar o coronavírus foi ruim ou péssimo. O percentual se manteve na faixa dos 57% mesmo com a pandemia mostrando todos os sinais de arrefecimento, com as atividades voltando ao normal e a maioria da população já vacinada.
Lavareda explica que, tradicionalmente, duas variáveis pesam para um reeleição: a percepção sobre a economia e a aprovação geral do governo. Mas nas eleições de 2022 haverá o terceiro vértice que é justamente o desempenho na pandemia pelo ineditismo da situação. “O governo pode resolver problema de emprego e renda, de inflação, mas o que o governo poderá fazer com os mais de 600 mil mortos? Nada”, diz Lavareda. “A pandemia vai ficando para trás, não é mais um problema imenso, mas isso significa que Bolsonaro não pode fazer nada mais. O resultado já está consagrado e o tamanho da memória sobre o que aconteceu é expressivo.”
Neste aspecto, Lavareda considera que a CPI teve um papel fundamental ao organizar as informações na mente das pessoas. Mesmo com o fim da CPI, o fatiamento das investigações deve produzir novo noticiário ao longo do tempo e impedir que as pessoas esqueçam. Sem contar, claro, que os adversários de Bolsonaro não vão deixar este assunto morrer durante a corrida eleitoral.