Apesar de tensões políticas afloradas em Brasília, com deputados de oposição carregando cartazes com os dizeres “Fora, Lula” já em sua cerimônia de posse, em primeiro de fevereiro, há uma pauta que promove consenso entre quem joga a favor e contra o governo: a reforma do sistema tributário. Considerada a grande prioridade do Ministério da Fazenda, a reforma não deve ter sua viabilidade comprometida por questões meramente políticas, segundo o deputado oposicionista Vitor Lippi (PSDB-SP). Lippi é um dos doze deputados que integram o grupo de trabalho para debater a proposta na forma da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45, cuja criação foi autorizada nesta quarta-feira, 15, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL). “Não creio que a oposição vai fazer qualquer tipo de obstrução. Logicamente a questão ainda divide opiniões, porque alguns setores econômicos reclamam de mudanças propostas, mas acredito que isso acontece por falta de esclarecimento”, diz em entrevista ao Radar Econômico.
O tucano também destaca que uma série de parlamentares – inclusive muitos que estão em exercício — se dedicam ao tema há anos, em um esforço que transpassa diferentes governos. “Trabalhamos muito na reforma nos governos de Temer e Bolsonaro, mas não conseguimos aprovar. O desejo de avançar continua independentemente da mudança de governo. Obstruir isso agora puramente por conta de questões políticas seria incoerente de quem trabalha há anos por essa pauta”, diz. Pensando nas dificuldades de se aprovar a PEC em questão, Lippi aponta a resistência de alguns setores da economia como maior desafio a ser superado. “Talvez a grande questão no momento seja saber comunicar a ideia de que, mesmo que alguns setores tenham que fazer ajustes temporários devido à reforma, o destravamento da economia do país beneficiaria a todos”, diz.
Mesmo com um consenso amplo quanto à necessidade de uma reforma tributária, o deputado afirma que alguns passos devem anteceder a ida do texto ao plenário da Casa. “Muitos setores econômicos ainda precisam ser ouvidos em relação à reforma, além de haverem muitas dúvidas sobre a matéria. Então seria temerário levar a PEC ao plenário hoje”, diz. “A função do grupo de trabalho é justamente ouvir esses agentes do mercado e esclarecer que, como disse o secretário para a reforma tributária, Bernard Appy, podem ser que alguns ganhem mais com a reforma, mas ninguém vai perder. Minha vontade é ajudar o Reginaldo Lopes (PT), coordenador do grupo de trabalho, nessa tarefa”, complementa.
Siga o Radar Econômico no Twitter