Por que Elon Musk pode fazer do Twitter a rede dos sonhos de bolsonaristas
Bilionário diz que é pela liberdade de expressão. Mas que tipo de liberdade?
Ao fim da carta que enviou ao presidente do conselho do Twitter para fazer uma oferta definitiva de compra da empresa, Elon Musk escreveu: “eu vou desbloqueá-lo”. Logo no começo da missiva, ele diz que investiu no Twitter porque é uma plataforma para a liberdade de expressão, imperativa para uma democracia. Mas a que liberdade de expressão Elon Musk se refere? Scott Galloway diz que o interesse de Elon pela “liberdade de expressão” tem sido principalmente para intimidar jornalistas que não são estenógrafos de suas alegações infundadas. Galloway é um famoso professor americano da NYU, que antecipa tendências e já foi membro de conselho de dezenas de empresas. Ele inclusive já comprou ações do Twitter para pedir em carta a saída de Jack Dorsey, o fundador do Twitter, que limitava o crescimento da empresa.
Galloway vai além na sua análise sobre com seria o Twitter de Musk. “O Twitter com sabor de Musk seria semelhante às respostas ao seu anúncio: uma fossa séptica de golpes de criptografia, tagarelice de extrema direita e despertar estridente”, diz Galloway. “Um fórum irrestrito não é gratuito, é um convite ao domínio da máfia. Se o Twitter é a “praça pública de fato”, é porque o site modera o conteúdo, não apesar de seus esforços para fazê-lo. Quase ninguém quer um discurso irrestrito no Twitter. Imagine sua caixa de entrada de e-mail, mas sem filtros de spam… vezes 280. Moderação é o motivo pelo qual o 4chan recebe 20 milhões de usuários por mês, enquanto o Twitter recebe 217 milhões de usuários por dia.”
Elon Musk sempre disse o que quis no Twitter. Claro, que algumas vezes isso significou ser inclusive punido pela comissão de valores mobiliários americana por antecipar informações da Tesla, que é uma empresa de capital aberto. Mas como pergunta Galloway, o que Musk não disse?
Mas voltemos ao fim da carta de Musk ao presidente do conselho. “Eu vou desbloqueá-lo”. A pergunta que está martelando na cabeça de todos é se isso significa também a volta de Donald Trump à rede, de onde foi banido por inflamar os americanos a invadir o Capitólio. Quem vai, quem fica, não dá para saber. Mas o Twitter nas mãos de Musk parece que se tornará a rede dos sonhos dos bolsonaristas, que também discursam sobre a liberdade de expressão sem limites. No Brasil, a rede ainda não tem alcance como o de um Facebook, Instagram ou Youtube. Pesquisas recentes mostram que menos de 30% dos brasileiros estão no Twitter.
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