Venda de íris no Brasil? Entenda os riscos do novo projeto de Sam Altman
O projeto World, liderado por Sam Altman, CEO da OpenAI, promete pagar para que a pessoa registre sua "digital" num banco de dados

Venda de íris no Brasil? O projeto World, liderado por Sam Altman, CEO da OpenAI, promete pagar para que a pessoa registre seu olho num banco de dados. A ideia é diferenciar humanos de robôs e inteligências artificias, com cada usuário humano tendo uma World ID, espécie de “passaporte” que serve como uma “prova de humanidade”. O projeto chegou oficialmente no Brasil no final do ano passado e já faz filas.
Há, obviamente, alguns riscos a se considerar. Vazamentos de informações únicas e imutáveis, como a íris, podem ter consequências irreversíveis, com vazamento de dados biométricos. É como vender sua digital. Também persistem dúvidas quanto à segurança e clareza das práticas de uso dos dados. Países como Espanha e Portugal já proibiram a prática. Além disso, a troca de dados por dinheiro pode ser interpretada como exploração de populações vulneráveis. “O avanço tecnológico deve sempre vir acompanhado de medidas robustas para garantir que direitos fundamentais não sejam comprometidos. Autoridades e sociedade civil têm papel crucial na promoção desse equilíbrio”, diz Antonielle Freitas, responsável pela área de proteção de dados do Viseu Advogados.
No Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) iniciou uma fiscalização para avaliar as práticas do World em conformidade com a LGPD. Este processo pode definir importantes precedentes para iniciativas futuras no país. Melhor que seja assim.
Em nota, a World diz que ‘nenhum pagamento é oferecido aos usuários’ e que ‘não fica com nenhum dado das pessoas que se verificam como humanos únicos’. Segundo a empresa, “o processo funciona como um dispositivo de última geração chamado Orb, que captura uma imagem do olho e do rosto, que é imediatamente convertida por algoritmos em uma representação numérica chamada de código de íris. As imagens originais da íris são então criptografadas de ponta-a-ponta, enviadas para o telefone da pessoa e prontamente deletadas da Orb, e o código de íris é então fracionado por meio de criptografia avançada, conhecida como Computação Multi-partidária Anonimizada (AMPC). Os fragmentos são armazenados em nós computacionais operados por universidades e terceiros confiáveis, como as Universidades de Berkeley nos EUA e Friedrich Alexander Erlangen-Nürnberg, na Alemanha. Os fragmentos criptografados não revelam nada sobre o indivíduo nem podem ser efetivamente vinculados de volta a ele. A World assegura a efetiva anonimização dos dados”.