Nos próximos dias, será jogado o maior lance de José Serra na campanha até aqui: a tentativa definitiva de fazer o brasileiro se indignar com Dilma, Lula & Cia por causa da quebra de sigilo de sua filha e de outros tucanos.
A essa altura, o Aloprados 2 parece o único pedaço de madeira que Serra tem para se agarrar e não se afogar no meio da tempestade eleitoral. Se não virar agora, não vira mais. E “virar” aqui significa apenas chegar à praia – ou, mais precisamente, ao segundo turno.
Mas e as pesquisas Ibope e Datafolha de anteontem e ontem já não mostraram que a tentativa tucana falhou? Não. Esse tipo de escândalo, de extrato complexo para a maioria esmagadora de uma população que nem declara imposto de renda, leva certo tempo para ser entendido. Se é que de fato o será. E, se for, é preciso ver se o brasileiro se indignou com o crime a ponto de mudar o seu voto.
O fato, portanto, de os ponteiros de Dilma e Serra não terem se mexido ainda não quer dizer tanta coisa. Não se deve esquecer que apenas na quinta-feira passada, o programa de Serra na TV foi fundo no assunto, justamente quando os funcionários do Ibope e Datafolha já estavam nas ruas entrevistando a população. Não se pode também descartar a possibilidade de novos e chocantes fatos serem revelados no curso das reportagens investigativas da imprensa – das investigações da Receita Federal não se deve esperar muita coisa.
Antes de a campanha na TV começar, Luiz Gonzalez, o marqueteiro de Serra, pedia sangue-frio aos tucanos. Dizia que apenas a partir do dia 8 de setembro seus programas de TV mostrariam os primeiros efeitos nas pesquisas – e que, até lá, seria Dilma quem subiria.
De fato, Dilma subiu. Mas e Serra? Bem, se a partir de agora as pesquisas lhe forem um pouco mais simpáticas, não se poderá atribuir ao roteiro original de Gonzalez. Mas, sim, ao acaso de um escândalo produzido aparentemente por petistas ter caído no colo da campanha tucana, mudando, inclusive, dando-lhe gás e motivos de sobra de indignação.
Em 2006, o Aloprados 1 deu combustível para Geraldo Alckmin fazer a travessia para o segundo turno. É fato. Mas também é fato o mensalão ainda era um fantasma que assombrara o país apenas um ano antes.
Agora, a situação é outra. Lula é popular como nunca, o brasileiro declara-se mais satisfeito com sua vida e mais confiante no futuro. São variáveis que naturalmente dificultam a opção da virada de voto do eleitor.
As pesquisas do próximo fim de semana revelarão com maior grau de precisão se o Aloprados 2 foi uma tábua de salvação para Serra.