Uma troca de mensagens entre investigados em esquema de espionagem paralela mostra que as “milícias digitais” eram acionadas para divulgar conteúdo difamatório contra alvos da Abin paralela. O caso ocorreu “em represália às ações” do senador Alessandro Vieira, que havia solicitado que Carlos Bolsonaro prestasse esclarecimentos na CPI da Covid e quebras de sigilos do vereador do Rio de Janeiro.
O diálogo entre Giancarlo Gomes Rodrigues, militar que estava cedido à Agência Brasileira de Inteligência, e Marcelo Araújo Bormevet, cedido pela Polícia Federal, mostra como perfis de redes sociais, “que formavam o núcleo de milícias digitais da organização criminosa”, eram usados para divulgar conteúdo difamatório.
Giancarlo: “Senador Alessandro Vieira que está
na CPI”.
Bormevet: “Somente lixos”.
Bormevet: “Vamos difundir isto. Pede pra marcar o CB (CARLOS BOLSONARO)”.
Giancarlo: “Já estou municiando o pessoal”.
Em outra mensagem, Giancarlo sugere uma publicação citando o filho do ex-presidente: “Acho que merece uma thread marcando o Carlos Bolsonaro”.
Segundo a Polícia Federal, os perfis falsos ou cooptados pelas milícias digitais eram usados para afastar os políticos beneficiados pelas ações de desinformação dos meios de divulgação das fake news.
“A utilização de vetores de propagação, cooptados e municiados pelo núcleo de estrutura paralela, servia como anteparo para distanciar do ilícito os verdadeiros beneficiários políticos da desinformação.”