Advogados eram pagos por ‘resultados políticos’, diz delator da Lava-Jato
Orlando Diniz revela em anexo que se desentendeu com Roberto Teixeira e Cristiano Zanin por promessas não cumpridas
No anexos 34 da delação do ex-presidente da Fecomércio do Rio com a Lava-Jato, o agora delator Orlando Diniz descreve um desentendimento com Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, a dupla de advogados que, segundo ele, operava as contratações de escritórios de advocacia com o objetivo de entregar “resultados políticos”.
Em determinado momento da gestão, Teixeira e Zanin assumiram muitas funções na Fecomércio com o objetivo de neutralizar ameaças de órgãos de fiscalização contra a entidade, já mergulhada em irregularidades. A falta de resultados dessa rede de influência financiada com dinheiro desviado teria irritado Diniz e levado o então presidente da entidade a cobrar Zanin e Teixeira.
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Clique e Assine“QUE, no início, Roberto Teixeira comparecia mais, mas depois Cristiano Zanin vinha sozinho; QUE, em Brasília, Vladimir Spíndola também indicado por Roberto Teixeira, sob a alegação de fartos contatos com o governo e a imprensa; QUE Roberto Teixeira controlava tudo: Rio de Janeiro, Brasília, governo, imprensa e assessoria de imprensa; QUE a assessoria de imprensa havia sido indicada por Roberto Teixeira e era supervisionada por Cristiano Zanin; QUE, a cada dia, de fato se tirava o poder do colaborador, poder que passava a girar em torno de Roberto Teixeira; QUE, por isso, o colaborador acabou se desentendendo com Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, em reunião por Skype, no final de 2013, pois, além de tudo, somado aos vultosos contratos, a reserva financeira da Fecomercio estava sendo drenada para o grupo de advogados, que nada fazia além de prometer resultados políticos sem, no entanto, entregá-los”, diz o delator.
Veja como o dinheiro desviado do Sistema S teria sido dividido entre os investigados, segundo a Lava-Jato: