A troca de agressões entre Nikolas Ferreira (PL-MG) e André Janones (Avante-MG) pelos corredores da Câmara e a crise de falta de ar de Luiza Erundina (PSOL-SP) na Comissão de Direitos Humanos na semana passada acenderam o debate sobre regras mínimas de convivência e civilidade na Casa e punições a quem descumpri-las.
Os episódios transcorreram em lugares diferentes da Câmara, mas, separados apenas por algumas horas, alarmaram deputados e líderes sobre a gravidade das consequências que situações de descontrole – principalmente quando há tumulto e risco de violência física – podem provocar.
Arthur Lira (PP-AL) encomendou à assessoria técnica da presidência da Casa um estudo sobre as possíveis punições a Ferreira e Janones. Só decidirá como agir depois de analisar o levantamento e as opiniões de líderes de bancadas em reunião na residência oficial nesta terça-feira, às 12h30.
“Tem que puni-los exemplarmente nos rigores do que reza nosso regimento, com uma medida que gere um efeito pedagógico”, afirmou ao Radar o líder do PSB, Gervásio Maia (PB). “Se não fizer isso, ninguém sabe como vai terminar.”
Vários parlamentares atribuem a insuficiência respiratória de Luiza Erundina à beligerância que tem permeado alguns debates na Câmara. Pouco antes de passar mal, a deputada havia defendido a aprovação de um projeto que obriga o Estado brasileiro a identificar publicamente lugares de repressão política utilizados por agentes da ditadura.
“A médica que a atendeu no hospital disse que ela chegou numa situação tão crítica que a equipe se preparou para uma parada cardíaca. A saturação de oxigênio no sangue baixou de 50%”, afirmou o líder do PSB.
O líder do PCdoB, Márcio Jerry (MA), disse que é necessário retomar a civilidade e um ambiente “politicamente saudável” de debate na Câmara.
“Todo mundo pode debater, falar, sustentar, mas não pode ser um lugar de briga, de confusão e até de violência. Num clima daqueles de empurrão, soco, aquilo para ter uma tragédia falta pouco”, declarou.