Após Brasil abrir mão de candidatura, mexicano é eleito para cargo na OEA
Fabio de Sá e Silva vinha fazendo campanha e chegou perto dos 18 votos necessários em rodadas anteriores, mas perde eleição depois de acordo do Itamaraty

Depois de o Brasil abrir mão da candidatura de Fabio de Sá e Silva, os países da Organização de Estados Americanos (OEA) reelegeram nesta sexta-feira o mexicano José Luis Caballero Ochoa para uma vaga na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
De um total de 31 votos, Ochoa, atual presidente da comissão, recebeu 23. Mesmo com o pedido do representante do Itamaraty para os demais países votarem no mexicano, Sá e Silva ainda teve três votos. Outras cinco delegações votaram em branco.
Em rodadas anteriores de votação, o brasileiro havia conseguido dezesseis votos, dois a menos que o necessário para conquistar a vaga e mais do que Ochoa vinha recebendo. O mexicano ficará no cargo até 31 de dezembro de 2029.
Em negociações conduzidas ao longo desta semana com a Secretaria de Relações Exteriores do México, o Itamaraty já vinha sinalizando a Sá e Silva que abriria mão de sua candidatura em favor da recondução de Ochoa à CIDH.
Além dos 16 votos que chegou a receber em rodada anterior de votação, Sá e Silva também tinha o apoio de vários deputados e senadores brasileiros para assumir a vaga na CIDH, inclusive do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS).
Em paralelo, os Estados Unidos emplacaram na outra vaga que estava aberta na comissão a ativista Rosa María Payá, filha de dissidentes do regime castrista em Cuba e uma indicação encabeçada diretamente pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio.
O Radar questionou a assessoria de imprensa do Itamaraty sobre as justificativas para a desistência de uma postulação brasileira que dava mostras de ser competitiva, mas não obteve resposta até o momento.
Em pronunciamento antes da votação na OEA nesta sexta, o embaixador brasileiro Benoni Belli afirmou que, em “amplas e intensas consultas” realizadas nas últimas duas semanas, os países dos dois candidatos “amadureceram a reflexão” sobre a “importância de evitar que o prolongamento do impasse gere incerteza jurídica no momento em que (se precisa) de uma CIDH atuante e fortalecida”.
“No limite, essa situação poderia levar à virtual paralisia da própria comissão a partir de 1º de janeiro, com impacto negativo sobre a promoção e proteção dos direitos humanos em toda a região. Não podemos correr esse risco”, afirmou Belli
“Com vistas a evitar que se prolongue indefinidamente o impasse, já que as consultas realizadas indicam que o virtual empate seria o resultado mais provável, fui instruído, pelo meu governo, a agradecer aos países que apoiaram o candidato brasileiro e a solicitar que considerem votar no candidato mexicano, assim como a própria delegação brasileira o fará”, declarou o embaixador brasileiro.