Após depoimentos à PF, Mourão questiona se ‘pensar em dar golpe é crime’
Ex-vice-presidente diz que, na sua visão, golpe seria “tomar o poder e fechar o Congresso”, e não decretar Estado de Sítio ou de Defesa
Ex-vice-presidente da República, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou ao Radar que, “quando você vai espremer” os depoimentos de ex-comandantes de Forças Armadas à Polícia Federal (PF) sobre uma trama golpista para manter Jair Bolsonaro no poder depois da derrota na última eleição, “vai ficar a discussão se pensar em dar um golpe é crime ou não”.
“Em relação ao disse-me-disse, tititi todo aí, reuniões no Palácio da Alvorada no final de 2022, é um processo em que fulano diz A, sicrano diz B… Vamos aguardar o final dessa investigação”, disse o general da reserva do Exército. “Só que Estado de Sítio e Estado de Defesa não é golpe. Golpe é: você toma o poder, fecha o Congresso e, depois, você organiza. Como, por exemplo, Getúlio (Vargas) fez em 1937”, acrescentou.
Mourão afirmou que já estava “alijado” do processo de tomada de decisão de Bolsonaro desde muito antes das reuniões no Alvorada em novembro e dezembro de 2022 com o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, e o general Freire Gomes, o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior e o almirante Almir Garnier Santos, que, à época, comandavam o Exército, a Aeronáutica e a Marinha, respectivamente.
“Naquela reunião que aparece filmada, em julho (de 2022), quem está sentado do lado do presidente (Bolsonaro) na função de vice era o Braga Netto. Mostra bem que eu estava fora do processo”, disse.