O presidente Lula afirmou há pouco, em entrevista à rádio O Povo/CBN de Fortaleza, que tirou “uma lição” da pane no avião presidencial, no México, no último dia 1º, e decidiu que o governo vai comprar “alguns aviões” novos, não apenas para o presidente da República, mas também para as viagens de ministros. Ele disse que pediu ao ministro da Defesa, José Múcio, que fizesse uma proposta para a aquisição das aeronaves e destacou que “a ignorância não pode prevalecer” — em referência à repercussão negativa das compras.
Depois de relatar os momentos de tensão no voo, que passou cinco horas circulando um aeroporto na Cidade do México após uma das turbinas apresentar uma “falha técnica”, Lula declarou: “Bom, desse problema, nós tiramos uma lição: nós vamos comprar não apenas um avião, mas é preciso comprar alguns aviões para que o Brasil, um país grande, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, com 360.000 quilômetros de florestas tropicais, com 8.000 quilômetros de fronteira marítima, 5 milhões e 500.000 quilômetros quadrados de água que é de responsabilidade do Brasil”.
“Nós precisamos nos preparar, não dá para a gente ser pego de surpresa, então nós vamos nos preparar. Eu pedi para que o ministro da Defesa me fizesse uma proposta. Nós vamos comprar um avião para o presidente da República, entendendo que a ignorância não pode prevalecer. Um avião para o presidente da República não é um avião para o Lula ou para o Fernando Henrique Cardoso ou para o Bolsonaro ou para quem foi presidente. Não, o avião para o presidente da República é um avião para a instituição Presidência da República, quem quer que seja eleito presidente da República”, complementou.
Segundo o presidente, é preciso comprar “alguns outros aviões” para os ministros viajarem. “A gente não governa o Brasil com os ministros ficando coçando lá em Brasília, ministro tem que viajar, tem que fazer entrega, tem que conversar com prefeito, com governador, com o povo. Sabe, então eu vou cuidar”, afirmou.
“Muito comedido”
“Então, eu tive um lição muito grande”, continuou Lula. “Eu durante muito tempo fui muito comedido, porque eu quando comprei esse avião 309 é o mais pequeno da Airbus, ou seja, quando eu comprei, eu comprei o mais barato e o menor. Mesmo assim o Brizola cunhou de Aerolula. Então você está lembrado que a campanha de 2006 foi feita em cima do Aerolula, Aerolula… Como se o avião fosse um privilégio do presidente da República. Eu superei isso. Eu, aos 79 anos, superei isso. Porque é o seguinte: um presidente da República tem que se respeitar, a instituição tem que se respeitar, e o Brasil é muito grande e não precisa um presidente da República correr risco”, declarou.
Ele então relatou que, quando ganhou as eleições de 2002, antes de assumir a Presidência, Fernando Henrique Cardoso propôs fazer o pedido de um novo avião, para ele não sofrer os desgastes políticos. E disse ter respondido que não precisava, porque a Presidência tinha quatro aviões. “Dois grandes chamados de sucatão e dois pequenos chamados de sucatinha. Eu lembro que o grande carregava 14 mecânicos dentro, quando parava em qualquer lugar caía parafuso para tudo quanto é lado. Ou seja, é uma vergonha um país não se respeitar”, comentou.
“Ou seja, foi isso. Graças a Deus estamos vivos, graças a Deus não aconteceu o pior, mas é um risco que a gente não pode passar, a gente tem que evitar porque o mínimo que nós temos que ter cuidado é com a instituição das autoridades que têm que viajar para cumprir compromissos para o Brasil”, concluiu.