Após semanas de espera, Câmara pode analisar reforma do IR nesta quarta
Relator prevê amplo apoio ao mérito, mas aposta em disputa dura para definição das compensações

Semanas após avançar na comissão especial e ter o requerimento de urgência aprovado no plenário, a reforma do imposto de renda deve ser apreciada nesta quarta-feira pela Câmara.
Enviada pelo governo Lula ao Congresso em março, a proposição que amplia a faixa de isenção do IR para quem ganha até 5.000 reais por mês e garante desconto para quem ganha até 7.350 reais mensais é uma promessa de campanha do petista e uma das apostas de sua equipe para fortalecer a sua candidatura à reeleição em 2026.
Relator da proposta, o deputado Arthur Lira apresentou seu parecer aos líderes partidários na semana passada e, após o encontro, o presidente da Casa, Hugo Motta, marcou a votação para hoje.
Tanto em conversas reservadas como publicamente, Lira tem afirmado não ter dúvidas de que o mérito do texto será aprovado com amplo apoio, mas prevê disputa para a definição da compensação.
As declarações são vistas pela base aliada do governo como um recado de que ele não assumirá a articulação para evitar surpresas negativas ao Executivo e que parlamentares alinhados a Lula terão que trabalhar para evitar reveses durante a apreciação.
Em caráter reservado, líderes avaliam que parlamentares podem não ter coragem de esvaziar a reforma ou de apoiar iniciativas impopulares, especialmente por causa da repercussão negativa com a aprovação da PEC da Blindagem pelos deputados.
Em 2026, a isenção de IR para quem ganha até 5.000 reais custará 25,8 bilhões de reais.
Como forma de compensar a perda de arrecadação, Lira manteve, em seu parecer, a proposta do governo de tributar com uma alíquota progressiva de até 10% rendimentos acima de 600.000 de reais por ano.
A alíquota máxima incidirá para quem recebe anualmente a partir de 1,2 milhão de reais.