Depois de alfinetar, de forma indireta, o governo ultraliberal de Javier Milei durante discurso na Cúpula do Mercosul, no Paraguai, o presidente Lula foi questionado nesta segunda-feira se ausência do presidente da Argentina atrapalha a integração do bloco e disse ter achado triste e “uma bobagem imensa” o líder do país vizinho não ter participado do encontro.
“Veja, a ausência de um presidente não atrapalha se o país está presente. Eu acho que quem perde não comparecendo não são os que vierem, é quem não veio. Quem não veio desaprende um pouco, quem não veio não sabe o que está acontecendo, e eu sempre que tenho uma reunião com outro chefe de Estado eu faço questão de participar, porque eu sempre estou aprendendo alguma coisa, eu sempre converso com gente que está mais preparada do que eu”, declarou o petista, em entrevista coletiva a jornalistas, em Assunção.
“Então eu acho que como nós somos um bloco em construção, de países em via de desenvolvimento, apesar de fazermos parte do Sul Global, eu acho que quem perde é quem não veio. É uma bobagem imensa de um presidente de um país importante como a Argentina não participar de uma reunião com o Mercosul. Eu acho triste, é triste para a Argentina”, complementou.
Na sequência, ele destacou que os integrantes do Mercosul vão tentar e estão trabalhando o fortalecimento do bloco com a Argentina, por acreditarem na sua importância para o sucesso do grupo de países sul-americanos. “Aí, se o presidente participa ou não, não interessa, o que interessa é o seguinte: é que o povo argentino precisa do Mercosul e o Mercosul precisa do povo argentino, é isso que interessa”, acrescentou.
Lula se aproximou dos repórteres brincando que “a resposta não tem que ser inteligente, agora a pergunta tem que ser inteligente”. Instado a fazer um saldo da reunião do Mercosul, ele disse que o encontro foi muito importante por trazeres “perspectivas extraordinárias de novos acordos”.
“Eu estou muito otimista com relação ao possível acordo com a União Europeia, eu estou muito otimista com a possibilidade de a gente construir um acordo com a China. Nós trouxemos o Panamá para participar e o Panamá está pensando em entrar no Mercosul. É interessante que a Guiana, que representa a Caricom [Comunidade do Caribe], participou dessa reunião, e transferimos a presidência para o presidente do Uruguai, que eu espero que tenha a mesma sorte que o Santiago [Penã, presidente do Paraguai] teve de fazer com que o Mercosul continue se fortalecendo”, afirmou.
O brasileiro disse ainda que está muito otimista com relação ao processo de integração do bloco. “A gente às vezes anda um passo, às vezes recua um passo, mas um dado concreto é que tem uma consciência política hoje de que juntos nós temos muito mais chance de formarmos um bloco economicamente forte, politicamente respeitado e do ponto de vista cultural para ser levado muito a sério. É isso que aconteceu”, concluiu.