É cedo para comemorar, mas o presidente Jair Bolsonaro pela primeira vez falou à Nação sem mostrar armas aos inimigos.
No pronunciamento nacional, há pouco, ele falou aos mais pobres, como antecipou o Radar, tentou pegar carona na fala do diretor da OMS, mas proferiu, é preciso destacar, sua manifestação mais equilibrada nessa crise, que já matou mais de 200 brasileiros.
“O Brasil avançou muito nesses 15 meses, mas agora estamos diante do maior desafio da nossa geração”, disse o presidente. “Temos que ter cautela e preocupação com todos, principalmente junto aos mais idosos e portadores de doenças preexistentes”, seguiu Bolsonaro em outro trecho.
“O presidente pensou parte do texto, mas dessa vez aceitou sugestões”, diz um ministro palaciano, aliviado com o novo tom presidencial. Questionado se Bolsonaro caminha para um dia pedir que as pessoas fiquem em casa, o mesmo ministro respondeu: “Devagar vamos atuando e melhorando”.
Ao contrário dos conselhos que recebeu, o presidente não contaminou a fala com mensagens sobre o aniversário do golpe. Ele ainda colocou a vida e os empregos no mesmo patamar no combate ao coronavírus — “temos uma missão: salvar vidas sem deixar para trás os empregos” — e não aconselhou as pessoas a ficarem casa, é verdade, mas defendeu um pacto em defesa da vida e sinalizou aos poderes da República e aos governadores e prefeitos por união.
“Necessária união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos, Parlamento, Judiciário, governadores, prefeitos e sociedade, Deus abençoe o nosso amado Brasil”, disse Bolsonaro.
Será o começo de uma nova postura por parte do presidente na crise? O tempo dirá.