CVM dos EUA acusa Vale de enganar investidores sobre barragens
Segundo o órgão, a mineradora brasileira 'manipulou auditorias de segurança e obteve certificados de estabilidade fraudulentos'
O órgão que regula o mercado de ações nos Estados Unidos acusa a Vale de enganar investidores ao prover informações falsas ou incorretas sobre a segurança de suas barragens. Segundo a Securities and Exchange Commission, que é equivalente à CVM no Brasil, a mineradora brasileira “manipulou auditorias de segurança e obteve certificados de estabilidade fraudulentos” de 2016 até 2019, quando houve o desastre de Brumadinho, em Minas Gerais, que deixou 277 mortos.
A SEC acionou a companhia brasileira na Justiça de Nova York por entender que a empresa fez “alegações falsas e enganosas sobre a segurança de suas barragens”. Brumadinho, segundo o regulador americano, “causou danos ambientais e sociais imensuráveis e levou a uma perda de mais de US$ 4 bilhões no valor de mercado da Vale”.
“A Vale manipulou várias auditorias de segurança de barragens, obteve certificados de estabilidade fraudulentos e enganou com regularidade governos locais, comunidades e investidores sobre a segurança da barragem de Brumadinho por meio de suas divulgações ambientais, sociais e de governança (ESG)”, diz o regulador, que segue.
“Durante anos, a Vale sabia que a barragem de Brumadinho, construída para conter subprodutos potencialmente tóxicos das operações de mineração, não atendia aos padrões internacionalmente reconhecidos de segurança de barragens.”
A ação foi divulgada no dia seguinte à divulgação pela Vale de um lucro de 23 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano. Em nota, a mineradora negou irregularidades e afirmou que irá se “defender vigorosamente” neste caso. “A companhia reitera o compromisso que assumiu logo após o rompimento da barragem, e que a tem guiado desde então, para a remediação e a reparação dos danos causados”, disse a mineradora.