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Depois de muito barulho, a democracia brasileira passou no teste

O vencedor foi proclamado pela Justiça, reconhecido pelas autoridades políticas e validado pelo próprio governo, que já começou a transição

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 nov 2022, 11h18 - Publicado em 2 nov 2022, 06h01
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  • Durante três anos e dez meses de governo, Jair Bolsonaro promoveu o mais longo teste de estresse das instituições no regime democrático brasileiro. Foram muitos os ataques ao Legislativo, nos primeiros anos de governo — com Rodrigo Maia no comando da Câmara –, ataques ao STF durante toda a caminhada e ameaças de golpe em diferentes manifestações — uma delas inclusive na frente do Comando do Exército, em Brasília.

    Tanques desfilaram pela Esplanada, mas o sistema democrático nunca esteve próximo de um revés. As instituições, ao contrário, mostraram-se fortes. Nesta terça, o presidente, num discurso de 2 minutos e 33 segundos, marcou o fim simbólico da disputa eleitoral em que saiu derrotado. Ele condenou os apoiadores que promovem atos golpistas nas ruas e seguiu para cumprir os dois meses que lhe restam no poder.

    Nesse período, o presidente assediou em muitos momentos as Forças Armadas, apropriando-se da imagem dessas instituições para fins políticos. Cooptou alguns militares para o governo valendo-se de cargos e salários, mas, como o Radar sempre destacou, nunca conseguiu capturar as cúpulas do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica.

    Em silêncio respeitoso ao seu papel constitucional, os militares que ditam os rumos da caserna aguentaram calados anos de provocações sobre uma fictícia parceria golpista com Bolsonaro. Está mais do que claro, agora, que ela nunca existiu.

    Muito se falou sobre a adesão de policiais militares ao projeto golpista do presidente, mas ele, mostram os fatos, terminou como todos os presidentes que, derrotados nas urnas, terminam: curvando-se à Constituição e ao regime democrático que definiu que o seu projeto de poder deveria acabar.

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    Ao fim, o que restou, para felicidade e aprendizado da Nação, foi um retrato de pura normalidade em Brasília. O próximo governo não será um mar de rosas, mas também não será o fim do mundo. Ao contrário, Lula se elegeu prometendo respeitar e fortalecer a democracia, liberando as instituições do país para novamente focarem em problemas reais sobre o futuro da Nação.

    O vencedor foi proclamado pela Justiça, reconhecido pelas autoridades políticas e validado pelo próprio governo, que já começou a transição. Como ocorre em toda democracia, a alternância de poder segue seu curso, com derrotados buscando a luta por suas visões de mundo na oposição e o projeto vencedor tentando estabelecer, a partir da política, suas propostas de governo. Depois de muito barulho, a democracia venceu.

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