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Diegues entra na confusão entre Barreto e ministro da Cultura

Barreto repudiou recentes declarações de Sérgio Sá Leitão

Por Da Redação Atualizado em 30 out 2017, 13h52 - Publicado em 30 out 2017, 13h28

Mais um cineasta entrou na confusão o diretor Luis Carlos Barreto e o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão. O político disse que tem um número maior de amigos no Facebook do que a quantidade de espectadores no cinema da maioria dos filmes nacionais. A declaração rendeu uma carta aberta de Barreto a Leitão, que classificou o discurso como “precipitado” e justificou o mau desempenho comercial dos filmes brasileiros.

Um “intrometido” Cacá Diegues então se envolveu no imbróglio em defesa do ministro, que ele garante estar agindo para aprovação da Lei do Audiovisual.

“Não podemos ser injustos ou irresponsáveis com alguém como Sérgio Sá Leitão”, disse o cineasta.

“Desculpem minha intromissão. Sei que estou sendo metido, não tenho nada a ver com a carta do Barretão, nem com a gestão do ministro da Cultura. Mas senti necessidade de ser justo e, no momento em que ela está para ser aprovada, proteger um pouco a nossa Lei do Audiovisual de aproveitadores que podem usar as declarações impróprias de um de nossos principais produtores para detoná-la”, completou Diegues.

Leia a íntegra da carta:

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“Intromissão aberta à carta aberta de Luis Carlos Barreto a Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura

Para o futuro do nosso cinema, a coisa mais importante nesse momento é a aprovação da nova Lei do Audiovisual, sem a qual estamos ameaçados de desaparecer, como tantas outras atividades industriais e agrárias desapareceriam sem as sustentações legais que o estado lhes dá. Exatamente nesse momento crucial, a ingenuidade, a implicância ou a insensatez de que somos tão bem dotados ameaçam estragar tudo, mesmo que involuntariamente.

Não é verdade que o ministro Sérgio Sá Leitão, por ocasião da Mostra Internacional de São Paulo, tenha faltado ao respeito com o cinema brasileiro, em uma mesa de debates. Os números que ele apresentou ao público foram aqueles que estão no site da própria Ancine e são do conhecimento de todos da atividade. Não há nenhuma razão para mantê-los em segredo, como fazem os governos totalitários. Afinal de contas, queremos ou não queremos transparência no que fazemos?

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Quem se der ao trabalho de ir ao site da Mostra ou ler a Revista de Cinema na internet, em vez de ceder à fofoca jornalística, verá que o ministro abriu o power point de sua apresentação com os sucessos do cinema brasileiro, seu papel na cultura e na economia nacionais: 0,46% do PIB, cerca de 95 mil empregos diretos e 240 mil indiretos, 9% de taxa anual de crescimento, crescimento de 10% na participação na economia nacional. Sérgio Sá Leitão ainda revelou o que muitos procuram esquecer: o setor audiovisual é diretamente responsável pela geração de renda de R$ 24,5 bilhões na economia brasileira, tendo recolhido impostos diretos no valor de R$ 2,13 bilhões e indiretos no valor de R$ 1,25 bilhão. Ou seja, por essas contas o audiovisual devolve ao estado brasileiro muito mais do que recebe como incentivo.

A apresentação do ministro da Cultura foi recebida com entusiasmo pelo público especializado da Mostra, formado por diferentes gerações, de Rodolfo Nanni a Fabiano Gullane. Georgia Costa Araujo, por exemplo, deixou sua impressão na internet: “O que o ministro apresentou foi tão surpreendente que toda a platéia estava entusiasmada ao final e nenhuma voz dissonante se levantou, coisa mais rara hoje em dia”.

Sérgio Sá Leitão tem se dedicado à aprovação da MP 796, a Lei do Audiovisual, junto ao Executivo e ao Congresso, tendo preparado raro estudo sobre seu impacto orçamentário, com o que conseguiu o apoio da Fazenda, Planejamento e Casa Civil. Não seria verossímel que se manifestasse contra a atividade. Sua palestra na Mostra não desmereceu em nada o setor audiovisual como atividade econômica ou o cinema brasileiro como expressão cultural. Pelo contrário, ele exaltou o papel dessas atividades, ao mesmo tempo em que mostrava que podemos muito mais. Quem tem medo da verdade? Mesmo assim, disse ele, “a contribuição do setor ao país é muito superior ao que o poder público investe nele”.

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O cinema brasileiro já teve que tratar com ministros da ditadura militar e outros menos autoritários. Sem ceder nunca, conseguimos sempre manter viva a atividade cinematográfica no Brasil, um universo tão complexo. Não podemos ser injustos ou irresponsáveis com alguém que declara, como Sérgio Sá Leitão fez recentemente em artigo para a Folha, que “cultura é tolerância, diversidade e conexão”.

Desculpem minha intromissão. Sei que estou sendo metido, não tenho nada a ver com a carta do Barretão, nem com a gestão do ministro da Cultura. Mas senti necessidade de ser justo e, no momento em que ela está para ser aprovada, proteger um pouco a nossa Lei do Audiovisual de aproveitadores que podem usar as declarações impróprias de um de nossos principais produtores para detoná-la.

Cacá Diegues”.

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