Escolha de sucessor por Arthur Lira vira novela na Câmara
O deputado prometeu anunciar seu candidato para as eleições à presidência da Casa até o fim de agosto, mas só deve bater o martelo nesta semana
Por que Arthur Lira não anunciou seu candidato à sucessão até o fim de agosto, como havia prometido? Na Câmara dos Deputados, uma explicação para o adiamento passou a circular enquanto o anúncio é aguardado para esta semana, a primeira de setembro.
Políticos aliados do presidente apontam que, ao longo das três semanas de recesso parlamentar, Lira ficou duas em Brasília, mas não conseguiu conversar com muitos deputados, porque o Congresso esvaziado. Com a retomada dos trabalhos, ele foi à capital para discutir a crise das emendas parlamentares com representantes dos três Poderes.
Segundo essa justificativa, o impasse atrasou as conversas dele com presidentes dos partidos, com líderes e com os próprios candidatos — no caso, o favorito e um de seus amigos mais próximos, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP) e o líder do PSD na Casa, Antonio Brito (BA).
Antes de tornar pública a sua escolha, Lira também achou necessário falar com o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo partido tem a maior bancada da Câmara, com 92 deputados.
Apesar de toda a “dificuldade” de agenda de Lira, é fato que o que trava o processo todo é a disputa de aliados de Lira por seu apoio. O presidente da Câmara saiu prometendo apoiar todos os aliados. Dizia a cada um a mesma coisa: “eu apoio você, mas você precisa se viabilizar”. Em outras palavras, obter uma ampla maioria de votos dos colegas para ser um candidato vencedor.
No caso em questão, Elmar, Brito e Pereira chegam ao sprint final com chances, o que dificulta a escolha de Lira. Se a coisa não for bem negociada, ele terá um escolhido e ganhará dois inimigos.
Para piorar, Lira sabe, como mostrou Marcela Mattos em VEJA, que a vida é dura para ex-presidentes da Câmara. Ao sair do poder, ele precisará de um aliado no comando da Casa que se credor e continue a prestigiá-lo. Missão complicada.