‘Esse cara é maluco’: Cid relata ligação de chefe do Exército de Bolsonaro
Em audiência com Alexandre de Moraes, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro descreve preocupação de Freire Gomes com general que apoiava golpe

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em sua delação premiada que, entre as eleições de 2022 e a posse de Lula, o general Mario Fernandes estava “muito ostensivo na pressão” sobre militares de alta patente do Exército e era “o que mais impulsionava” Jair Bolsonaro a assinar um decreto para dar um golpe e se manter no poder.
Um dia, disse o ex-ajudante de ordens, o general Marco Antônio Freire Gomes, à época comandante do Exército, telefonou para ele “desesperado” ao saber que Fernandes ia para o Palácio da Alvorada conversar com o então presidente, derrotado na tentativa de reeleição.
“Ele (Freire Gomes) me ligou desesperado, quando ele soube que o general Mario estava indo lá: ‘Porra, Cid, você não pode deixar ele ir aí, esse cara é maluco, tira ele dai’”, relatou Cid em audiência com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, em 21 de novembro de 2024.
Veja, abaixo, a íntegra do vídeo divulgado pelo Supremo nesta quinta-feira:
O delator contou ter respondido que não podia fazer nada: “O presidente chamou. O presidente gosta dele”.
Ainda segundo Cid, o general Freire Gomes estava “tão preocupado de o presidente assinar alguma coisa sem a ciência dele, de ser surpreendido com alguma coisa” que o então ajudante de ordens de Bolsonaro levava diariamente informações ao chefe do Exército sobre a movimentação no Alvorada.
“Se tivesse alguma coisa do dia mais grave, eu ligava para ele. Tanto que, algumas vezes que a pessoa ia lá, incentivava o presidente, o presidente ficava naquele… Eu ligava para o general: ‘General, vem para cá que o presidente está reclamando muito’”, disse Cid. “Aí, o general vinha e dava uma assentada no pensamento do presidente.”