Ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas publicou na tarde desta terça-feira uma carta em que defende os manifestantes bolsonaristas aglomerados em frente aos quartéis, inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas para Lula. O militar aposentado afirmou que “a população” está “perdindo [sic] socorro às Forças Armadas” contra o que classificou de “atentados à democracia”. Neste feriado da Proclamação da República, os atos golpistas voltaram a ocorrer em diversas cidades brasileiras.
Villas Bôas comandou o Exército entre 2015 e 2019, nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer, e atuou como assessor do GSI chefiado pelo general Augusto Heleno no governo Bolsonaro até o ano passado. Em 2018, ainda no comando da Força Armada, ele fez uma ameaça velada ao STF pelo Twitter durante o julgamento da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, que permitiu a prisão de Lula dias depois.
“As duas semanas que se encerraram foram marcadas por eventos significativos. A população segue aglomerada junto às portas dos quartéis perdindo [sic] socorro às Forças Armadas. Com incrível persistência, mas com ânimo absolutamente pacífico, pessoas de todas as idades, identificadas com o verde e o amarelo que orgulhosamente ostentam, protestam contra os atentados à democracia, à independência dos poderes, ameaças à liberdade e as dúvidas sobre o processo eleitoral”, afirmou Villas Bôas no texto divulgado nesta terça pelas redes sociais.
https://twitter.com/Gen_VillasBoas/status/1592600036067745796
O general também fez críticas à suposta “indiferença” da imprensa em relação aos atos golpistas e mencionou o relatório produzido pelas Forças Armadas sobre o processo eleitoral, que não apontou fraude na eleição de Lula, mas levantou suspeitas sobre os códigos-fonte das urnas. “Simplificando, a essência da questão se prende a que o ato de votar deve ser privado, enquanto a apuração deve ser pública e auditável”, escreveu.
Ele concluiu sua mensagem elogiando os chefes das três Forças Armadas pela nota conjunta divulgada pelos comandantes na última sexta-feira sobre as “manifestações populares que vêm ocorrendo em inúmeros locais do país”, na qual os militares afirmam o “compromisso irrestrito e inabalável com a democracia e com a harmonia política e social”, mas condenam “eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos”.