Com o governo de Jair Bolsonaro atolado na incômoda pauta do aumento dos combustíveis e dos fertilizantes, os aliados da ala conservadora do Congresso — pastores e ex-policiais em sua maioria — precisaram encontrar assunto para desviar o foco das agruras do atual momento do governo. Como?
Resgatando um filme lançado pela Netflix em 2017. Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, de Danilo Gentilli, virou o novo demônio a ser combatido pelo bolsonarismo. Uma chuva de representações ao MPF foi anunciada nos últimos dias pelos pastores e as redes sociais foram tomadas por mensagens sobre o tema.
Os atores que participam do filme dizem que a obra é uma crítica a pedófilos. Já os bolsonaristas enxergam na produção uma “normalização” da pedofilia. Independentemente de quem esteja certo, essa barulheira em torno do filme só ajuda o governo, pois dá discurso para sua base radical nas redes seguir engajada nessa pré-campanha, contrapondo o noticiário desfavorável ao Planalto por causa da escalada dos preços.
“Esse filme não é apenas uma comédia comum, ele retrata uma cena asquerosa de normalização da pedofilia – estupro de vulnerável – onde crianças são assediadas por um professor”, diz o deputado Capitão Alberto Neto.
Enquanto falam do filme de cinco anos atrás, a tropa esquece que está pagando quase 8 reais no litro da gasolina e que tudo vai ficar mais caro por causa da disparada global de preços em virtude da guerra.