Jair Bolsonaro firmou uma aliança política com o centrão para resgatar sua capacidade de influenciar nas votações do Congresso e garantir interesses do governo que, em tese, deveriam ser os mesmos do país.
Aprovar matérias que melhorem o ambiente econômico para a atração de investimento externo, por exemplo, deveria ser a primeira missão da tropa de choque do centrão. A imagem do governo nesta quarta, no entanto, sugere que a base aliada de Bolsonaro não funciona para o básico, como abrir a Comissão de Orçamento e discutir a matéria mais importante do ano. A disputa política pela cadeira de Rodrigo Maia é o que compromete os trabalhos em torno da agenda de país proposta pelo governo.
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros diz que não há prejuízo ao calendário do Planalto. “Por enquanto, não tem prejuízo nenhum ao governo. Está combinado que vamos discutir tudo isso depois da eleição e ainda poderemos votar algumas coisas antes do pleito”, diz Barros.
Num governo que precisa desesperadamente de dinheiro externo, da fé de investidores de fora, a imagem atual não ajuda. A proposta de Barros de reescrever a Constituição tem o potencial de espalhar instabilidade num ambiente político já tomado por disputas no Legislativo, avaliam auxiliares de Bolsonaro.
Rodrigo Maia é contra a ideia plebiscitária de Barros, mas há silêncio do lado de Bolsonaro e do chefe do Congresso, Davi Alcolumbre.
O líder do governo defende sua proposta dizendo que não conversou com Bolsonaro, diz que a ideia é da sua cota pessoal e deseja propor o debate. “Não conversei com o presidente sobre a nova Constituição. Eu pessoalmente defendo a nova Constituição. Estamos votando nesse momento quatro emendas constitucionais. É óbvio que seria mais fácil fazer uma revisão (da Constituição), um novo olhar”, diz Barros.
“Estou propondo um plebiscito. Se ele for aprovado, vai ter uma Constituição. Tudo vai ser precedido de debates não falei com o presidente, é uma opinião pessoal minha”, segue o deputado.